Merkel e Macron se unem para produzir aviões de combate na UE

O anúncio foi feito após um encontro de ministros franceses e alemães em Paris
AFP
Publicado em 13/07/2017 às 14:34
O anúncio foi feito após um encontro de ministros franceses e alemães em Paris Foto: Foto: AFP


França e Alemanha estão em sintonia, conforme demonstrado nesta quinta-feira (13) em Paris, onde Angela Merkel e Emmanuel Macron concordaram em desenvolver uma nova geração de aviões de combate e em trabalhar juntos para dar força à Europa. 

O anúncio foi feito após um encontro de ministros franceses e alemães em Paris. 

Além de uma série de medidas acordadas entre os ministros de Economia, Cultura e Educação, a proposta de desenvolver juntos aviões de combate é uma mostra de sua ambição conjunta de dar um novo alento ao motor franco-alemão depois do Brexit. 

"O objetivo desse projeto comum de um avião de combate é realizarmos juntos a pesquisa e o desenvolvimento, usá-lo de maneira conjunta e coordenar as exportações", afirmou o presidente francês, garantindo que a iniciativa é uma "profunda revolução".

Atualmente, a Europa fabrica dois aviões de combate: o Rafale, da francesa Dassault, e o Eurofighter, produzido por um consórcio de empresas da Alemanha, Reino Unido, Itália e Espanha. 

Macron também fechou um acordo para a Alemanha contribuir para o financiamento da força regional antiterrorista conjunta apoiada por Paris, chamada d G-5 Sahel, formada por soldados de Mauritânia, Chade, Mali, Níger e Burkina Faso. 

Eleito em 7 de maio passado, Macron aspira por uma renovação histórica do bloco europeu, com integração maior nos setores de defesa, segurança e imigração. 

O francês pró-UE quer criar um ministério de Finanças, um Parlamento e um orçamento próprio para a zona do euro. Para isso, seria preciso fazer mudanças nos tratados atuais. 

Mas, a três meses das eleições legislativas da Alemanha, vai ser difícil para Paris e Berlim avançarem significativamente nos temas, que são impopulares entre a opinião pública alemã. 

"Não tenho nada contra um orçamento para a zona do euro e podemos conversar sobre a criação de Ministério europeu de Finanças", apontou Merkel, cujo partido União Democrática Cristã (CDU) é favorito no pleito. 

Unidos contra Trump
 

Os dois líderes europeus destacaram também sua posição em comum sobre o comércio e a luta contra as mudanças climáticas, dois temas em que discordam do presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que também está em Paris nesta quinta-feira (13) para encontrar Macron.

O presidente francês disse que Paris e Berlim "vão continuar lutando, por um lado, contra todo o protecionismo, por outro, contra qualquer intenção de dumping no sistema internacional". 

Ele ainda disse que ambos se opõem firmemente à decisão de Trump de sair do Acordo de Paris. 

O Brexit e a chegada de Trump à Casa Branca deram um novo fôlego à UE. 

O bloco criou, no mês passado, um fundo europeu de defesa, com um orçamento anual de 6,1 bilhões de dólares, criando as bases para uma cooperação militar há muito estagnada. 

O florescimento da relação franco-alemã reflete essa nova dinâmica, ainda que existam divergências. 

Macron advertiu que a Alemanha deve "se mexer" para corrigir as disfunções da zona do euro. 

O mandatário francês espera que a Alemanha, com superávit comercial e contas públicas saudáveis, contribua para o orçamento do bloco. O valor será usado para estimular a expansão e os investimentos nos países com alto nível de desemprego. 

"A França deve reformar sua economia para ter mais vigor", disse Macron em entrevista ao jornal Ouest-France. Mas a Alemanha "deve acompanhar uma reativação dos investimentos públicos e privados na Europa", completou.

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