A procuradora-geral da Venezuela, Luisa Ortega, acusou, nesta quinta-feira (13) o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de barrar a investigação de funcionários que teriam recebido suborno da empreiteira Odebrecht.
"Intimamos pessoas sobre o caso da Odebrecht, e o TSJ ditou uma sentença para impedir que o Ministério Público exerça a acusação contra envolvidos no caso", afirmou Ortega em telefonema à Assembleia Geral Extraordinária da Associação Ibero-americana de Ministérios Públicos (AIAMP), em Buenos Aires.
Ortega não participou do encontro, em que se discutiu a situação do Ministério Público venezuelano, porque a corte mais elevada do país lhe proibiu de deixar o país, enquanto avalia se ela será julgada por supostamente ter "mentido" ao afirmar que não aprovou a designação de 33 magistrados, que a funcionária considera "ilegítima".
A procuradora, chavista que se tornou uma crítica do governo do presidente Nicolás Maduro, garantiu que o TSJ - acusado de favorecer o governo - bloqueia as ações do Ministério Público desde que, em 31 de março, ela se pronunciou contra sentenças que anularam funções do Legislativo, de maioria opositora.
O MP intimou, na quarta-feira (12), para depor no julgamento do caso Odebrecht a mulher e a sogra do deputado Haiman El Troudi, ex-ministro de várias pastas do governo de Hugo Chávez e da atual gestão.
Em fevereiro passado, o MP congelou as contas e os ativos da Odebrecht na Venezuela e solicitou o código vermelho da Interpol para um dos envolvidos, sem especificar seu nome.
O ex-presidente da empreiteira investigada, Marcelo Odebrecht, declarou que a Venezuela é o segundo país em que a empresa mais pagou propinas na América Latina (98 milhões de dólares), atrás apenas do Brasil.