O ex-presidente Ollanta Humala e sua mulher, Nadine Heredia, se entregaram na noite desta quinta-feira ao juiz que decretou a prisão preventiva do casal por lavagem de dinheiro relacionada a doações irregulares da Odebrecht.
O casal chegou ao tribunal de automóvel, precedido por uma caravana de carros da polícia que o escoltou desde sua residência em um bairro de Lima, revelou a TV local.
Pouco antes, o juiz Richard Concepción Carhuancho havia decretado 18 meses de prisão preventiva para o casal, acusado pela procuradoria de lavagem de dinheiro envolvendo doações de campanha da Odebrecht.
"Defiro o requerimento (...) contra Ollanta Humala e Nadine Heredia e, em consequência, imponho mandado de detenção contra os investigados pelo prazo de 18 meses pelo crime de lavagem de dinheiro", anunciou o juiz Carhuancho.
O procurador Germán Juárez havia solicitado a prisão preventiva de Humala e Heredia por considerar que existia risco de fuga e pedido de asilo dos investigados.
Os advogados do casal já anunciaram que apelarão a instâncias superiores.
A decisão ocorreu ao final da audiência convocada pelo juiz, a qual não compareceram Humala e Heredia, que foram representados por seus advogados.
"Há um ofício para sua imediata localização e detenção a nível nacional e internacional", declarou o juiz Carhuancho, acrescentando que a prisão preventiva de Humala e Heredia "é idônea e necessária para garantir a investigação".
"Existe um alto grau de probabilidade de que (Humala e Heredia) enganem a justiça e obstruam o trabalho probatório", acrescentou o juiz.
Humala utilizou o Twitter para qualificar a decisão do juiz Carhuancho de "abuso de poder".
"Esta é a confirmação do abuso de poder, que nós vamos enfrentar para defender nossos direitos e os direitos de todos", escreveu Humala antes de se entregar.
Nadine Heredia, líder do Partido Nacionalista de Humala, também recorreu ao Twitter para criticar a decisão. "Obrigado às pessoas que não sentenciam antes do tempo e que acreditam na inocência até que se prove o contrário...".
Não está claro onde o casal ficará detido, mas a imprensa especula que poderá passar esta noite no Palácio da Justiça, onde existe uma prisão temporária.
O procurador Juárez acusa o casal, que fundou o Partido Nacionalista em 2005, pelos supostos crimes de "lavagem de dinheiro e associação ilícita para delinquir" na obtenção de recursos para financiar as campanhas eleitorais de Humala em 2006 e a que o levou ao poder em 2011.
A Procuradoria afirma que a Odebrecht repassou três milhões de dólares em 2011 à campanha de Humala, o que o ex-presidente nega, ao mesmo tempo que recorda que a lei peruana não proíbe receber aportes do exterior.
No caso da campanha de 2006, o procurador afirma que Humala recebeu dinheiro procedente da Venezuela.
Em diversas ocasiões, Humala negou ter recebido dinheiro da Odebrecht ou do Partido dos Trabalhadores (PT) para sua campanha. O tenente-coronel reformado do Exército afirmou, há algumas semanas, ser vítima do maior "linchamento político" da vida republicana do Peru pelas investigações a que ele e sua família estão submetidos.
A Odebrecht garante que pagou 29 milhões de dólares em propina no Peru para fazer obras entre 2005 e 2014. O período compreende os governos de Alejandro Toledo, Alan García e Humala.