O presidente francês, Emmanuel Macron, acompanhado do presidente americano, Donald Trump, destacou a sólida amizade entre França e Estados Unidos, em um breve discurso por ocasião do tradicional desfile militar da festa nacional do 14 de Julho, nesta sexta-feira (14).
A França - destacou o anfitrião - encontrou em sua história "aliados firmes, amigos que vieram ao nosso socorro", e "os Estados Unidos são desses: é por isso que nada nunca vai nos separar".
"A presença de Donald Trump e de sua mulher hoje, ao meu lado, é o sinal de uma amizade que atravessa o tempo, e quero dizer 'obrigado', 'obrigado aos Estados Unidos', pela decisão que tomaram há 100 anos", agradeceu Macron, referindo-se à entrada dos EUA na Primeira Guerra Mundial, junto com as tropas francesas, há um século.
"É uma grande honra representar os Estados Unidos nesta grande parada de 14 de Julho. Parabéns ao presidente Macron", tuitou Trump, em uma mensagem ilustrada por uma foto com o seu colega francês.
Na França desde quinta-feira (13), o presidente americano foi o convidado de honra do desfile na Champs Élysées.
O desfile foi aberto pelo esquadrão de acrobacias aéreas da Força Aérea dos EUA e por dois caças americanos F-22, juntamente com o esquadrão francês.
De terno escuro e gravata azul, os dois chefes de Estados estavam sorridentes na tribuna oficial, acompanhados de suas esposas - Melania Trump, usando um vestido branco florido, e Brigitte Macron, um vestido azul e branco.
O desfile começou com os "Sammies" - apelido dos soldados do Tio Sam envolvidos no conflito - em traje de época.
Mais de 3.700 soldados franceses a pé, bem como 211 veículos, incluindo 62 motos, 241 cavalos, 63 aviões e 29 helicópteros participaram da grande parada militar na avenida mais famosa de Paris, em frente a uma multidão de curiosos.
Este ano, os músicos das Forças Armadas inovaram, tocando em frente à tribuna oficial um pot-pourri da dupla francesa Daft Punk, sob o olhar de surpresa do presidente Trump.
A banda também tocou o hino da cidade de Nice, "Nissa la Bella", formando a palavra Nice no chão, em homenagem à cidade atingida pelo ataque que matou 86 e feriu 450 pessoas no ano passado. Macron deve comparecer às cerimônias em Nice na parte da tarde.
Depois de cumprimentar o presidente americano com um abraço final, enquanto sua mulher beijava Melania, o presidente francês passou um longo período entre os convidados, especialmente saudando as vítimas dos ataques.
Na parte da tarde, ele também se reunirá em Nice com as famílias das vítimas do atentado cometido com um caminhão no famoso Passeio dos Ingleses.
Na noite de 14 de julho de 2016, cerca de 30.000 pessoas estavam reunidas à beira-mar para assistir à queima de fogos de artifício.
Pouco depois das 22h30, um caminhão de 19 toneladas avançou sobre a multidão para atropelar tudo em seu caminho, ziguezagueando para fazer um máximo de vítimas. Em menos de três minutos, o ataque realizado por um tunisiano de 31 anos fez 86 mortos, incluindo 15 crianças, e mais de 450 feridos.
O ataque foi reivindicado pela organização extremista Estado Islâmico (EI). Até agora, porém, as investigações não estabeleceram uma ligação direta do assassino, Mohamed Lahouaiej Bouhlel, morto ao final de sua corrida, com o grupo terrorista. Nove pessoas ainda estão detidas, sob suspeita de terem ajudado Mohamed a obter armas.
A França, onde o estado de emergência decretado em novembro de 2015 acaba de ser renovado pela sexta vez, celebra seu feriado nacional sob forte esquema vigilância. Para a data, foram mobilizados cerca de 86 mil policiais e gendarmes, além de sete mil soldados e 44 mil bombeiros.
A sangrenta onda de ataques extremistas já deixou 239 mortos em oito atentados desde janeiro de 2015. Várias tentativas foram frustradas pelas forças de segurança ao longo dos meses.
O desfile deste ano acontece em um contexto de grandes tensões entre o chefe de Estado e os militares, que expressaram sua consternação com os anunciados cortes na Defesa.
O chefe do Estado-Maior das Forças Armadas, Peter de Villiers, acompanhou Emmanuel Macron para cumprimentar as tropas, mas o clima era nitidamente frio entre os dois.
No Parlamento, o general criticou duramente os cortes de Macron. Ontem, em discurso aos militares, o presidente enviou uma mensagem, afirmando que "não é digno iniciar certos debates em praça pública", antes de lembrar os militares de "seus deveres".