O veterano senador americano John McCain, que foi prisioneiro de guerra no Vietnã e candidato republicano à presidência em 2008, foi diagnosticado com câncer no cérebro, informou seu gabinete nessa quarta-feira (19).
McCain, 80 anos, foi submetido a uma cirurgia para retirar um coágulo acima de seu olho esquerdo na semana passada e os exames "revelaram um tumor cerebral primário conhecido como glioblastoma associado ao coágulo", revelou a Clínica Mayo, em comunicado divulgado pelo gabinete de McCain.
"O senador e sua família estão revisando as opções de tratamento", destaca o comunicado, assinalando que uma combinação de quimioterapia e radioterapia é analisada.
O glioblastoma é um tumor cerebral particularmente agressivo que afeta os adultos.
Esta não é a primeira luta de McCain contra o câncer. Os médicos já eliminaram vários melanomas de sua pele nas décadas de 1990 e 2000, incluindo um melanoma invasivo, em 2000.
Após a última cirurgia, os especialistas haviam advertido para a possibilidade de retorno do câncer.
O gabinete de McCain informou que o senador "mantém o espírito positivo enquanto continua recuperando-se com a família em sua casa no Arizona", e consultará sua equipe médica quando voltar a trabalhar em Washington.
A notícia provocou uma onda de mensagens de apoio de todo o espectro político a McCain, que preside o Comitê de Serviços Armados do Senado e está em seu sexto mandato de senador.
Nesta quinta-feira (20), McCain respondeu as homenagens pelo Twitter: "agradeço muito o grande apoio, infelizmente para os meus companheiros de luta no Congresso, voltarei em breve, então esperem!", brincou.
"O senador John McCain sempre foi um lutador. Melania e eu dedicamos nossos pensamentos e orações ao senador McCain, à Cindy e a toda a sua família", disse o presidente Donald Trump.
O câncer que afeta o senador McCain é um glioblastoma, um tumor cerebral frequente e muito agressivo que apresenta uma das menores taxas de sobrevivência.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) este tumor, causado por uma degeneração dos astrócitos, células que têm um papel um importante na saúde dos neurônios, é dos mais malignos.
Atinge geralmente as crianças e os adultos maiores de 50 anos.
A expectativa de vida após o diagnóstico é de entre 12 e 16 meses, segundo as estatísticas médicas, mas pode variar consideravelmente em função de cada doença.
"Tudo depende de onde está localizado o câncer e os seus efeitos sobre o paciente", explicou ao Washington Post o médico Frederick Smith, oncologista do Chevy Chase de Maryland.
Até 30% dos pacientes sobrevivem mais de dois anos e até 10% mais de cinco, acrescentou.
A idade pode influenciar na sobrevivência a esta doença. Quanto mais jovem, mais o prognóstico é favorável.
Os outros fatores importantes são o estado geral de saúde do paciente no momento do diagnóstico e as características moleculares do tumor.
O glioblastoma custou a vida de personalidade americanas como o senador Edward Kennedy, em 2009, aos 77 anos, e de Beau Biden, filho do ex-vice-presidente Joe Biden, que faleceu em 2015 aos 46 anos.
Edward Kennedy foi diagnosticado em maio de 2008 após um desmaio. Foi operado e sua morte ocorreu em agosto de 2009.
Beau Biden teve o diagnóstico da doença em 2013. Também fez cirurgia e foi submetido a um tratamento de radioterapia e de quimioterapia. Retomou o trabalho, mas o câncer reapareceu e o matou em maio de 2015.
Muitas vezes os médicos operam o paciente para retirar a maior extensão possível do tumor, mas nos tecidos saudáveis vizinhos sobrevivem células cancerígenas que posteriormente provocam uma piora da doença, assinalam os oncologistas.
A radioterapia e a quimioterapia são os tratamentos mais comuns para tentar conter o câncer.
A imunoterapia, um novo tratamento que pode modificar as células do sistema imunológico para que possam reconhecer e destruir o câncer, estão sendo objeto de testes clínicos em pacientes afetados pelo glioblastoma, mas até agora os resultados não foram conclusivos.
O glioblastoma representa 55,4% dos gliomas, conjunto dos tumores cerebrais, malignos ou benignos, segundo o American Brain Tumor Association.
Cerca de 12.400 novos casos serão diagnosticados em 2017 nos Estados Unidos, de acordo com as previsões desta associação.