Três palestinos morreram e centenas ficaram feridos nesta sexta-feira em confrontos em Jerusalém Oriental e na Cisjordânia ocupada, onde um palestino matou a facadas três israelenses em uma colônia.
O agressor palestino entrou na colônia de Neve Tsuf, a noroeste de Ramallah, e matou três civis israelenses a facadas e feriu outros dois, informou o Exército em um comunicado.
"Atacou e massacrou uma família durante a ceia do sabbat, matando o avô e dois de seus filhos, além de ferir a avó", revelou uma porta-voz das forças de segurança à AFP.
O ataque ocorreu após um dia de confrontos entre as forças de segurança israelenses e manifestantes palestinos.
Pelo menos três palestinos morreram na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental nos enfrentamentos entre as forças israelenses e manifestantes que protestam contra as novas medidas de segurança para ter acesso à Esplanada das Mesquitas.
"Um palestino morreu por disparos no coração", disse o Ministério da Saúde palestino, explicando que o incidente aconteceu em Abu Dis, na Cisjordânia ocupada.
Pouco antes, a mesma fonte anunciou a morte de outras duas pessoas em circunstâncias parecidas, uma no bairro de Ras al-Amud (perto da Cidade Velha de Jerusalém) e outra na zona de A-Tur (Jerusalém Oriental).
O Crescente Vermelho palestino informou 450 feridos em Jerusalém e na Cisjordânia enquanto a polícia israelense anunciou um total de 29 prisões nas duas áreas.
A Polícia israelense proibiu que homens com menos de 50 anos entrem na Cidade Antiga de Jerusalém e na Esplanada das Mesquitas, impedindo que participem da tradicional oração muçulmana semanal.
"A entrada na Cidade Velha e no Monte do Templo (Esplanada das Mesquitas para os muçulmanos) fica limitada aos homens de 50 anos, ou mais, e às mulheres de qualquer idade", anunciou a Polícia, em um comunicado.
Em resposta, o presidente palestino, Mahmud Abbas, anunciou o congelamento das relações com Israel até que essas medidas sejam suspensas.
"Em nome da direção palestina anuncio um congelamento de todos os contatos com o Estado ocupante a todos níveis até que Israel se comprometa a anular todas as medidas contra nosso povo palestino em geral e em Jerusalém, e na mesquita Al-Aqsa em particular", declarou Abbas a jornalistas.
Durante o dia, centenas de pessoas protestaram, rezando na rua, perto da entrada da Cidade Velha.
Um grupo de pessoas, incluindo líderes muçulmanos, começou a caminhar para a entrada, mas foi contido pela Polícia, que recorreu ao uso de gás lacrimogêneo. Alguns palestinos responderam lançando pedras e outros objetos.
A Esplanada das Mesquitas, onde estão o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa, fica na Cidade Antiga de Jerusalém, setor palestino da Cidade Santa. Sua anexação por parte de Israel nunca foi reconhecida pela comunidade internacional.
Desde domingo, os palestinos denunciam a instalação de detectores de metal nas entradas do lugar santo, decidida por Israel depois do ataque contra policiais israelenses em 14 de julho, perto desse mesmo local.
A medida trouxe de volta o temor dos palestinos de que Israel tome o controle exclusivo do terceiro lugar santo do Islã, também venerado pelos judeus, que o chamam de Monte do Templo.
Desde então, os palestinos decidiram não ir à Esplanada e fazer suas orações na Cidade Antiga.
Nesta semana, houve confrontos quase diários com a polícia israelense. Prevista para meio-dia e
Nos últimos dias, a imprensa israelense informou que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu cogitava a possibilidade de retirar os detectores para evitar incidentes. Após consultar as forças de segurança e seu gabinete, Netanyahu decidiu manter o procedimento.Tradicionalmente reunindo milhares de fiéis, a grande oração de sexta-feira pode dar lugar a mais tumulto.O gabinete de segurança "deu à Polícia a autoridade para tomar as decisões necessárias para permitir o livre acesso aos lugares santos, garantindo - ao mesmo tempo - a segurança e a ordem pública", declarou uma autoridade israelense nesta sexta-feira.
A polícia israelense disse ainda que reforçou seus efetivos na Cidade Antiga com unidades "mobilizadas em todos os setores e bairros". Ontem, o Exército garantiu o envio de cinco batalhões extras à Cisjordânia ocupada para conter possíveis distúrbios.
Em Jerusalém Oriental, Israel controla os acessos à Esplanada das Mesquitas, local que, há décadas, cristaliza as tensões entre israelenses e palestinos. A Jordânia é responsável pela gestão do local.
Em diferentes ocasiões, Israel disse não ter a intenção de modificar as regras tácitas do atual status quo, o qual estabelece que os muçulmanos podem ir à Esplanada a qualquer hora. Também autoriza os judeus a ingressarem a determinadas horas do dia sem pode rezar.
"Israel se compromete a manter o status quo no Monte do Templo e a liberdade de acesso aos lugares santos", frisou uma autoridade do governo israelense nesta sexta-feira.