O vice-presidente do Equador, Jorge Glas, se voltou nesta quarta-feira contra o presidente equatoriano, Lenín Moreno, unindo-se ao ex-presidente Rafael Correa na crescente divisão dentro do partido da situação.
Acusado por seus adversários de corrupção no escândalo envolvendo a Odebrecht, Glas publicou uma carta com críticas a Moreno, dois meses após a posse do sucessor de Correa.
Glas, que também foi vice-presidente de Correa entre 2013 e 2017, acusou Moreno de se aliar ao grupo do líder opositor Abdalá Bucaram.
O vice também acusa Moreno de entregar o controle dos veículos estatais a "representantes da mídia" e de manipular "de maneira perversa os números da economia" durante a administração de Correa.
"Sei o que vou enfrentar por denunciar de maneira frontal o que está acontecendo e a possível aplicação de um pacotaço (econômico) contra meu povo", escreveu Glas.
Segundo Glas, o atual presidente "está acusando os membros do governo anterior de corruptos" e talvez "prepare o terreno para perseguir seus antigos aliados visando saciar a sede de vingança de seus novos amigos".
Moreno, com um estilo menos conflitivo e midiático do que Correa, tem se desentendido com o ex-presidente, o que segundo analistas divide o partido da situação, o Aliança País, entre partidários do atual presidente e de seu antecessor.
O último confronto entre Moreno e Correa ocorreu na semana passada, quando o presidente divulgou em rede nacional dados "verazes e precisos" sobre a "crítica" situação econômica no Equador provocada por decisões "que não foram devidamente avaliadas" por seu antecessor.
Correa reagiu afirmando que Moreno está justificando "um pacotaço" econômico "ordenado pela oposição".
Na terça-feira, Glas rebateu acusações da oposição sobre seu envolvimento em vários casos de corrupção, incluindo o escândalo Odebrecht, desacreditando as delações do grupo brasileiro.
"O que envolve a Odebrecht eu não considero. Me investigaram por todos os lados, senhoras e senhores, e é bom que seja assim".
"O que diz um delator que busca reduzir sua pena eu não considero, e está claro que (...) esta empresa quer me envolver para se vingar de um dos funcionários públicos que a expulsou do país".