O famoso relógio Big Ben de Londres tocou pela última vez as doze badaladas do meio-dia desta segunda-feira (21) antes de um silêncio de quatro anos em função de importantes obras de restauração.
Centenas de pessoas se concentraram às 12H00 local (08H00 de Brasília) diante do palácio de Westminster, sede do Parlamento britânico, para ouvir o famoso toque que marca as horas londrinas há quase 158 anos sem interrupção.
"Onde moro, posso vê-lo. Vivi toda minha vida perto dele. Perdemos uma parte de Londres. Tenho 72 anos e me dá medo que esta seja a última vez que o ouço! Foi muito emotivo", declarou à AFP Denise Wiand, residente do outro lado do rio Tâmisa.
"A multidão ouviu com muita atenção. É quase um momento histórico", declarou Thomas Moser, turista alemão de 54 anos.
Segundo uma pesquisa do YouGov, 44% dos britânicos preferem que o Big Ben fique em silêncio durante os trabalhos, salvo em ocasiões especias, ao contrário do resto que deseja uma solução que permita mantê-lo ativo.
O motivo para silenciar o carrilhão durante as obras é proteger os trabalhadores do barulho ensurdecedor.
A Câmara dos Comuns descartou a ideia de que os sinos soem à tarde e à noite, quando os operários não estiverem no local.
Quando as obras foram anunciadas, Steve Jaggs, responsável pelo monumento, disse que o silêncio era "um marco nesse projeto crucial de manutenção".
O anúncio feito pelo Parlamento britânico na semana passada causou indignação em parte da opinião pública e, inclusive, da primeira-ministra, Theresa May.
"Quando o Parlamento voltar (do recesso), e à luz das inquietações expressas por vários deputados, a Comissão da Câmara dos Comuns considerará a duração do período de silêncio dos sinos", anunciou a Câmara Baixa em um comunicado.
"As badaladas do Big Ben são parte da vida parlamentar, e nos asseguraremos de que podem retomar sua função de guardiãs do tempo da nação assim que possível", acrescentou a nota.
A polêmica começou logo após o anúncio, na segunda-feira, de que o Big Ben ficaria em silêncio a partir de 21 de agosto até 2021.
May também criticou a decisão e pediu que fosse revisada "urgentemente".
"Claro que queremos garantir a segurança das pessoas no trabalho, mas não está bem que o Big Ben fique em silêncio durante quatro anos", disse May à imprensa.
O deputado conservador James Gray disse ao jornal Daily Telegraph que o "Big Ben é incrivelmente importante para o bem-estar mental da nação".
A BBC usa as badaladas do relógio mais famoso do mundo para marcar o início dos seus informativos, e a torre atrai milhões de turistas a cada ano.
As obras servirão para restaurar e reparar a esfera do relógio e seu mecanismo, suas campainhas e a estrutura dessa torre de 96 metros construída em 1856.
Também será instalado um elevador, como alternativa aos 334 degraus que levam ao alto da torre.
O nome Big Ben se refere estritamente ao sino do grande relógio, mas é usado, em geral, para dar nome ao conjunto da torre e seu relógio.
O sino pesa 13,7 toneladas e soa a cada hora. É acompanhado de outros quatro sinos a cada 15 minutos.
O Big Ben funcionou quase sem interrupções nos últimos 157 anos, salvo em duas pausas de manutenção e renovação em 2007 e em 1983-85.