O Parlamento venezuelano, de maioria opositora, vai tentar repatriar fundos que suspeita que sejam fruto de corrupção e podem chegar a cerca de 600 bilhões de dólares, informou nesta terça-feira (29) um deputado. Juan Guaidó, presidente da comissão da Controladoria do Legislativo, citou relatórios do Fundo Monetário Internacional (FMI), do Banco Mundial e de "multinacionais amigas" que, segundo ele, dão conta de uma fuga de 300 a 600 bilhões de dólares ligados a ilicitudes.
Diante do conselho de administração da Câmara, ele anunciou o trâmite de uma lei para que "possamos financiar o futuro da Venezuela, a reconstrução, com parte desses fundos que podemos repatriar no futuro".
"Há uma oportunidade nesse triste desvio que fizeram ao país", completou, sem precisar o período em que aconteceram as irregularidades.
Guaidó reiterou que vai pedir à ex-procuradora-geral Luisa Ortega as provas que, segundo ela, implicam o presidente Nicolás Maduro e dirigentes chavistas com o escândalo de subornos da Odebrecht.
Ortega foi para a Colômbia após denunciar ser vítima de "uma perseguição política".
Em 23 de agosto, a ex-procuradora afirmou no Brasil que tem "muitas provas (...) que comprometem altos funcionários venezuelanos, começando pelo presidente" com os negócios da Odebrecht.
Guaidó tinha adiantado que suas investigações indicam que os contratos da construtora custaram até 22 bilhões de dólares durante os governos de Hugo Chávez e de Maduro.
Mas "cada vez que aprofundamos, surgem novas empresas, novos nomes", afirmou Guaidó.
A Venezuela desfrutou de uma década de bonança petroleira, que permitiu reduzir os índices de pobreza, mas chegou ao fim em 2014, com o colapso dos preços do petróleo. Hoje, o país enfrenta uma grande crise com escassez de bens básicos e inflação que deve chegar a 720% em 2017, segundo o FMI.