O presidente francês, Emmanuel Macron, disse em entrevista publicada nesta quarta-feira (30) que deseja tornar a Europa uma potência à altura de Estados Unidos e China, para "liderar o mundo livre".
"Assumo este discurso de grandeza", explicou Macron em entrevista à revista Le Point, na qual o presidente apresenta sua visão de uma França convertida em "grande potência" e de uma Europa que "recupere o espírito da soberania".
"Quero uma Europa que seja um continente da envergadura das potências americana e chinesa. A França deve permitir que a Europa se converta em líder do mundo livre".
A entrevista de vinte páginas é publicada nas vésperas da apresentação pelo governo Macron de uma esperada reforma na legislação trabalhista.
"Sem transformação econômica e social podemos ir esquecendo a grandeza", advertiu o presidente francês, que insistiu na necessidade de se defender "com orgulho" os valores europeus.
Segundo Macron, uma "Europa que protege" implica "a proteção dos investimentos estratégicos", uma política aduaneira antidumping, uma política comercial concertada, uma política europeia de Defesa e um orçamento da zona euro.
A França não deve ser "uma grande potência média, mas sim uma grande potência".
O rumo traçado pelo presidente de 39 anos para atingir esta ambiciosa meta passa por reformas de grande envergadura em todas as frentes: educação, legislação trabalhista, ajuda social, fiscalização, habitação e segurança.
Macron aspira devolver à França seu "orgulho" tirando-a "do espírito de derrota".
O presidente quer convencer os países da zona do euro a adotar um orçamento comum que represente "vários pontos percentuais do PIB" e permita acesso ao crédito para investimentos em grande escala no continente.
Segundo Macron, este tema será abordado mais detalhadamente "após as eleições alemãs" de outubro.
Em relação à política externa, Macron declarou que a prioridade da França hoje é o Oriente Médio, onde após se vencer a guerra contra o jihadismo será necessário "ganhar a paz".
"Teremos que reabsorver esta fenda entre o mundo xiita e sunita, esta guerra civil do mundo muçulmano que se exporta para nossas sociedades e alimenta o terrorismo, mas nosso futuro também está em jogo na África, Ásia e América Latina".
Apesar de admitir a existência de um "terrorismo" e seu vínculo "com o islamismo radical", Macron se nega a falar em "terrorismo islâmico". "Isto equivaleria a envolver mais de 4 milhões de franceses de fé muçulmana".
Para enfrentar o desafio, Macron defende a necessidade de integração dos jovens muçulmanos tentados pelo jihadismo ao sonho coletivo francês.