A Coreia do Norte prometeu acelerar seus programas militares, em resposta às "maléficas" sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU após o sexto teste nuclear do país.
"A adoção de uma ilegal e maléfica nova 'resolução de sanções' impulsionadas pelos Estados Unidos constitui uma oportunidade para que a Coreia do Norte comprove que o caminho que escolheu é absolutamente correto", declarou o Ministério norte-coreano das Relações Exteriores em nota divulgada pela agência oficial de notícias KCNA.
A Coreia do Norte "redobrará esforços para incrementar seu poderio e proteger a soberania nacional e o direito a existir", acrescentou o comunicado.
A Chancelaria norte-coreana também rejeitou a resolução, classificando-a de "odiosa provocação destinada a privar a Coreia do Norte de seu legítimo direito à autodefesa e a sufocar seu Estado e seu povo por meio de um bloqueio econômico de grande envergadura".
Em Seul, o Ministério da Unificação alegou que se trata da "resposta mais moderada [de Pyongyang] a uma resolução do Conselho de Segurança da ONU".
Na segunda-feira, a ONU aprovou por unanimidade a resolução promovida pelos Estados Unidos e apoiada por China e Rússia. Esta foi a oitava série de sanções e proíbem as exportações têxteis da Coreia do Norte e restringem seu abastecimento em petróleo e gás.
Washington queria impor à Coreia do Norte um embargo total sobre suas importações de petróleo e congelar os bens de seu dirigente, Kim Jong-un, mas teve de ceder para conseguir o apoio de Pequim e Moscou.
A nova resolução prevê limitar as entregas de petróleo à Coreia do Norte a seu nível dos 12 últimos meses.
O texto proíbe ainda a concessão de novas permissões de trabalho aos cerca de 93.000 norte-coreanos que trabalham no exterior e constituem uma importante fonte de receita para o governo.
Há pouco mais de um mês, o Conselho havia aprovado sanções para privar o regime norte-coreano de um terço de sua receita, o correspondente a US$ 1 bilhão ao ano. Neste pacote, vetava-se as exportações norte-coreanas de carvão, ferro e frutos do mar, depois do lançamento - em meados de agosto - de um míssil de médio alcance que sobrevoou o Japão.
Alguns especialistas expressaram ceticismo a respeito do alcance do texto adotado ontem, alegando que as sanções anteriores não impediram o grande avanço dos programas nuclear e balístico de Pyongyang.
Depois de testar dois mísseis intercontinentais em julho, a Coreia do Norte realizou em 3 de setembro o sexto teste nuclear, o mais importante até o momento.
O site especializado americano 38 North, ligado à Universidade Johns Hopkins, informou nesta quarta-feira que o último teste nuclear da Coreia do Norte teve, "aproximadamente", a potência de 250 quilotons, mais de 16 vezes a força da bomba que destruiu a cidade japonesa de Hiroshima, em 1945.
O teste foi realizado na semana passada e, segundo Pyongyang, trata-se de uma bomba de hidrogênio capaz de ser transportada por uma ogiva de míssil.
"Este grande poder explosivo é próximo ao limite atribuído pelo 38 North para o sítio de testes de Punggye-ri", acrescenta o site.
A Coreia do Sul estimou a potência do último teste em 50 quilotons, e o Japão, em 160 quilotons.
Segundo 38 North, imagens de satélite de sexta-feira passada, cinco dias após o teste, revelam atividade nas entradas do túneis em Punggye-ri, incluindo caminhões estacionados e outros equipamentos.
"As obras podem estar mudando o propósito e a capacidade para novos testes nucleares subterrâneos", acrescenta.