Governo e oposição da Venezuela explorarão possível diálogo

Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou seu 'pleno apoio' à iniciativa de um diálogo no país
AFP
Publicado em 13/09/2017 às 4:04
Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou seu 'pleno apoio' à iniciativa de um diálogo no país Foto: Foto: AFP


O governo e a oposição da Venezuela explorarão na República Dominicana a possibilidade de um diálogo que acabe com a grave crise econômica e política que atinge os venezuelanos, anunciaram as partes nesta terça-feira.

A convite do presidente dominicano, Danilo Medina, e do ex-chefe de governo espanhol José Luis Rodríguez Zapatero, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, deu seu aval ao diálogo, enquanto a oposição anunciava o envio de delegados a Santo Domingo.

"Sabe muito bem Zapatero e o presidente Medina que fui promotor deste diálogo e aceito esta nova jornada de diálogo", expressou Maduro, que designou como representante o dirigente Jorge Rodríguez, que viajará à República Dominicana "nas próximas horas".

Maduro "saudou o passo da oposição" e disse que espera que cumpra sua palavra.

A opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) aceitou o convite, mas advertiu que os contatos não significam o início de negociações.

"Decidimos enviar uma delegação para se reunir com o presidente Medina, na qual serão apresentados os objetivos da luta democrática nacional", informou a (MUD), acrescentando que o convite "não representa o início de um diálogo formal com o governo" de Maduro.

"O tempo dos gestos simbólicos já terminou", destaca o comunicado da MUD, que reúne cerca de 30 partidos opositores.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, manifestou seu "pleno apoio" à iniciativa de um diálogo na Venezuela, destacando que a crise naquele país exige uma "solução política baseada no diálogo".

Guterres exortou o governo e a oposição a "aproveitar esta oportunidade para demonstrar seu compromisso em abordar os desafios do país através da mediação e de meios pacíficos".

Negociações já fracassaram

Desde que Maduro assumiu o poder, em 2013, as partes já tentaram negociar em duas ocasiões, sem sucesso.

No final de 2016, Zapatero e os ex-presidentes Leonel Fernández (República Dominicana) e Martín Torrijos (Panamá) - com o apoio do Vaticano - promoveram um diálogo que fracassou, em meio a acusações de governo e oposição.

A MUD destacou que o convite de Medina será para "explorar, com facilitação internacional, as condições para uma negociação (...) que cumpra as exigências reiteradamente colocadas pela oposição".

Estas exigências são um cronograma eleitoral que inclua eleições presidenciais em 2018, a libertação dos presos políticos, respeito ao Parlamento (controlado pela oposição) e atenção imediata à crise econômica, que se reflete pela escassez de alimentos e remédios, em meio a uma inflação galopante.

"Para um diálogo deve estar o Vaticano, a ONU, os governos democráticos com peso no mundo e haver uma agenda clara e com garantias. Se isto é possível? Maduro tem a resposta", declarou o líder opositor Henrique Capriles.

Após o fracasso das aproximações em dezembro de 2016, as tensões se agravaram com uma onda de protestos contra Maduro que deixou ao menos 125 mortos entre abril e julho, e com a instalação de uma Assembleia Constituinte integrada exclusivamente por chavistas.

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