EUA suavizam posição sem pedir renegociação do Acordo de Paris

De acordo com o comissário europeu, os EUA indicaram que 'não iriam renegociar o Acordo de Paris, mas revisariam os termos'
AFP
Publicado em 16/09/2017 às 18:22
De acordo com o comissário europeu, os EUA indicaram que 'não iriam renegociar o Acordo de Paris, mas revisariam os termos' Foto: Foto: NICHOLAS KAMM/ AFP


Os ministros do Meio Ambiente reunidos neste sábado em Montreal para trabalhar na aplicação do Acordo de Paris sobre o clima receberam a mensagem dos Estados Unidos de que queriam avançar o ritmo sem pedir a renegociação do acordo.

Representados somente por um observador na conferência ministerial da qual participam mais de 30 países, os Estados Unidos "indicaram que não iriam renegociar o Acordo de Paris, mas que revisariam os termos com os quais poderiam se comprometer sob o acordo", indicou neste sábado Miguel Arias Cañete, comissário europeu para o Clima.

O governo americano "tem um delegado nesta reunião que fala em nome dos Estados Unidos", assim como todos os representantes em uma reunião internacional, acrescentou o comissário.

Todos os ministros ao redor da mesa e os representantes oficiais, incluindo o observador americano, declararam que "o Acordo de Paris é irreversível", assinalou o ministro francês de Transição Ecológica, Nicolas Hulot.

Na semana que vem, as reuniões que acontecerão à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York permitirão verificar com os representantes americanos "qual é a sua verdadeira posição", lembrou Arias Cañete.

A mensagem transmitida neste sábado pelo delegado dos EUA "é diferente da que escutamos do presidente (Donald) Trump", acrescentou.

Para o ministro francês, sem se mostrar pessimista ou otimista, alguns estados como Califórnia e grandes cidades, assim como "grandes e pequenos atores econômicos querem compensar com seu dinamismo a freada que poderia supor a atitude da administração Trump".

Por iniciativa do Canadá, da União Europeia (UE) e da China, esta reunião acontece a cada 30 anos desde a assinatura do Protocolo de Montreal para a Proteção da Camada de Ozônio, "um acordo internacional histórico", de acordo com a ministra canadense da Mudança Climática, Catherine McKenna.

Este protocolo é o exemplo de que "o mundo deve continuar a agir para enfrentar a ameaça das mudanças climáticas", ressaltou.

"Estamos unidos e devemos agir juntos", acrescentou McKenna, ao receber ministros e representantes de mais de 30 países, lembrando os últimos eventos meteorológicos: tufões, inundações, furacões, entre outros.

"As mudanças são reais. Os fenômenos climáticos extremos são mais frequentes, mais poderosos e mais destrutivos", indicou a ministra, dando como exemplo a situação das "crianças em Barbuda, que não têm escola", depois que o furacão Irma devastou a ilha do Caribe há uma semana.

A fim de respeitar um calendário abalado pela saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris sobre o Clima (COP21), por decisão do presidente Donald Trump, UE, China e Canadá assumiram a liderança do combate às mudanças climáticas e manifestaram sua determinação de seguir adiante.

"Não é uma discussão burocrática. É uma discussão política, com importantes etapas destinadas a conseguir uma transição para as energias limpas, de modo a deter o aquecimento global", frisou o comissário europeu para o Clima, Miguel Arias Cañete.

O objetivo é limitar o aumento da temperatura média do planeta a 1,5°C até 2050 em comparação com o nível da era pré-industrial.

Conferência

Para novembro, está programada a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP23) em Bonn, na Alemanha, sob a presidência das Ilhas Fiji.

A UE pretende apresentar propostas a seus Estados-membros, em breve, para reduzir suas emissões de carbono no setor dos transportes, anunciou seu presidente, Jean Claude Juncker, esta semana.

Outro grande emissor de CO2, a China, informou sua intenção de proibir a venda de carros movidos a combustíveis fósseis, um objetivo ambicioso para o primeiro mercado automotivo do mundo.

O Reino Unido também expressou sua intenção de agir na mesma direção, assim como a França, cujo ministro da Transição Ecológica, Nicolas Hulot, declarou sua vontade de proibir a venda de veículos a diesel e gasolina até 2040.

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