Os trabalhos de resgate prosseguiam sem descanso na capital e nos estados centrais do México, nesta quarta-feira (20), em busca de sobreviventes sob os escombros de edifícios que desabaram após o terremoto devastador da véspera.
"Até o momento, registramos 217 falecidos: 86 na Cidade do México, 71 em Morelos, 43 em Puebla, 12 no estado do México, três em Guerrero e um em Oaxaca", tuitou o diretor da Defesa Civil no Ministério do Interior, Luis Felipe Puente.
Muitos moradores da capital não dormiram, com medo de um tremor secundário forte e à espera dos resgates nos mais de 40 imóveis que desabaram na Cidade do México. Em 19 de setembro de 1985, a capital ficou parcialmente destruída por um terremoto de 8,1 graus que deixou mais de 10.000 mortos.
Os resgates se concentravam na zona sul e no corredor Roma-Condesa, área nobre da capital conhecida por seus bares e restaurantes e onde moram muitos estrangeiros.
Nos estados de Puebla e Morelos, onde foi localizado o epicentro do terremoto, que aconteceu às 13h14 locais (15h14 de Brasília) de terça-feira, também prosseguiam as tarefas de resgate em casas e prédios destruídos.
"Forças Armadas e Polícia Federal seguirão trabalhando sem descanso até esgotar todas as possibilidades de encontrar mais pessoas com vida", escreveu no Twitter o secretário de Governo, Miguel Angel Osorio.
Na capital, a maior tragédia foi o desabamento da escola Enrique Rebsamen, localizada no extremo sul da cidade.
"Temos 26 mortos, dos quais cinco são adultos e 21 crianças. Temos 11 crianças resgatadas, e o número de pessoas presas oscila entre 30 e 40", disse José Luis Vergara, oficial do Exército que coordena o resgate, ao canal Televisa.
Com o apoio de civis e de socorristas, militares trabalhavam com a luz de geradores. As buscas seguiam complicadas, porque a escola - que, de três andares, foi reduzida a apenas um - ameaçava desabar por completo a qualquer momento.
Vergara explicou que os socorristas conseguiram estabelecer contato com uma professora e com duas crianças presas nos escombros.
Mães aguardavam notícias dos filhos, em um clima de grande nervosismo.
Os pais também ajudavam a remover os escombros. A polícia levou cães farejadores e instrumentos para detectar o mínimo som até a área da tragédia.
"Uma nuvem de poeira veio quando parte do edifício entrou em colapso. Tivemos que permanecer em nossas salas até que o tremor passasse", relatou a professora María del Pilar Martí.
Com os braços levantados, ou gritos de "silêncio", os socorristas - dos chamados Topos que se especializaram em resgates com o terremoto de 1985 até civis voluntários - não pararam durante a madrugada, com a esperança de ouvir qualquer ruído que indicasse a presença de um sobrevivente sob os escombros.
Quando uma pessoa conseguia retirar um sobrevivente, o silêncio dava lugar a aplausos e comemorações.
Grande parte da cidade não descansou durante a madrugada. Caminhões de carga circulavam pelas ruas com água, alimentos, medicamentos e outros produtos de primeira necessidade. Os socorristas caminhavam com pás pelas áreas mais afetadas.
Nos parques públicos da área de Roma-Condesa, foram criados acampamentos que distribuíam ajuda para voluntários e desabrigados. Muitas pessoas dormiram nas ruas.
As aulas na capital e nos estados afetados foram suspensas até nova ordem, enquanto prédios públicos devem trabalhar apenas com funcionários essenciais.
O presidente Enrique Peña Nieto divulgou uma mensagem durante a madrugada com um pedido de calma.
"Na medida do possível, a população deverá permanecer em suas casas, desde que esteja segura, e evitar congestionar as ruas por onde devem transitar os veículos de emergência", disse.
O México fica entre cinco placas tectônicas e é um dos países com maior atividade sísmica no mundo.
A Cidade do México conta com um sistema de alertas que se ativa um minuto antes do sismo. Jornalistas da AFP disseram que, desta vez, o alerta foi ouvido apenas no mesmo momento em que se sentiu o tremor, já que o epicentro estava a menos de 200 km de distância da capital.
Em 7 de setembro, um terremoto de magnitude 8,1, o mais forte em um século no México, deixou 96 mortos e mais de 200 feridos no sul do país, especialmente nos estados de Oaxaca e Chiapas.