Pular o café da manhã dobra o risco de arteriosclerose, afirma estudo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,7 milhões de pessoas morreram devido a estas patologias em 2015
AFP
Publicado em 02/10/2017 às 19:47
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,7 milhões de pessoas morreram devido a estas patologias em 2015 Foto: Foto: Adriano Bacchella/AFP


Pular o café da manhã ou se alimentar mal ao começar o dia dobra o risco de desenvolver uma arteriosclerose, um aumento da espessura da parede das artérias que pode ser fatal, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira.

A pesquisa, publicada na revista médica Journal of the American College of Cardiology, descobriu sinais de lesões causadas nas artérias antes do aparecimento de sintomas ou do desenvolvimento da doença.

Segundo os cientistas, esta descoberta poderia proporcionar uma ferramenta importante na luta contra as doenças cardiovasculares, que são responsáveis pela maioria das mortes no mundo.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 17,7 milhões de pessoas morreram devido a estas patologias em 2015.

"As pessoas que pulam o café da manhã regularmente têm um estilo de vida pouco saudável em geral", disse Valentin Fuster, diretor do hospital americano Mount Sinai Heart e redator-chefe da publicação.

"Este estudo prova que se trata de um mau hábito que as pessoas podem mudar proativamente para reduzir seu risco de doença cardiovascular", indicou.

Os cientistas estudaram durante seis anos 4.000 trabalhadores de meia idade residentes na Espanha. Deles, 25% tomavam um café da manhã rico e ingeriam ao menos 20% das calorias diárias nessa refeição.

A grande maioria (70%), porém, consumia apenas entre 5% e 20% das calorias diárias no desjejum, enquanto 3% não comiam praticamente nada ao acordar.

Hábito menos saudáveis 

Este último grupo "tende a ter hábitos alimentares menos saudáveis e uma maior prevalência de fatores de risco cardiovascular", segundo a pesquisa.

Estas pessoas também têm um maior "diâmetro corporal na altura da cintura, maior índice de massa corporal, pressão arterial mais alta, mais lípidos no sangue e níveis mais altos de glicose em jejum", afirmou.

Usando tecnologia de ultrassom para identificar eventuais acúmulos de gordura nas artérias ou sinais precursores de doenças, os pesquisadores perceberam que as pessoas que consomem menos de 5% das calorias diárias recomendadas no desjejum têm em média duas vezes mais gordura nas artérias do que as que tomam um café da manhã de alto teor calórico.

Este risco aparece independentemente de outros fatores como o tabaco, nível de colesterol e sedentarismo.

Estudos anteriores já tinham associado um café da manhã saudável com um bom estado de saúde, peso mais baixo, regime equilibrado e menor risco de colesterol e pressão arterial altos e de diabetes. 

Pular o café da manhã também já foi associado a um aumento da probabilidade de desenvolver uma doença coronária.

"Apesar de que os que pulam o café da manhã estão tentando, em geral, perder peso, com frequência acabam comendo mais e alimentos menos saudáveis no final do dia. Pular o café da manhã pode provocar desequilíbrios hormonais e alterar os ritmos circadianos", explicou Prakash Deedwania, professor de medicina da Universidade da Califórnia, em um editorial que acompanha a publicação.

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