Morre ex-presidente do Iraque, o curdo Jalal Talabani

O ex-presidente do Iraque Jalal Talabani morreu aos 83 anos, hoje, em um momento em que o Curdistão iraquiano avança na conquista de sua independência
AFP
Publicado em 03/10/2017 às 13:59
O ex-presidente do Iraque Jalal Talabani morreu aos 83 anos, hoje, em um momento em que o Curdistão iraquiano avança na conquista de sua independência. Foto: Foto: AFP/Arquivos


O ex-presidente do Iraque e combatente curdo Jalal Talabani morreu aos 83 anos, nesta terça-feira (3), em um momento em que o Curdistão iraquiano avança de forma unilateral na conquista de sua independência com um referendo polêmico.

Doente há vários anos, faleceu na Alemanha, para onde foi levado antes da realização, em 25 de setembro, do referendo de independência, após uma deterioração de seu estado de saúde.

Partido fundado por ele, a União Patriótica do Curdistão (UPK) havia-se mostrado cética em um primeiro momento quanto ao referendo, organizado por seu rival histórico Massud Barzani, mas acabou por participar.

Primeiro chefe de Estado curdo do Iraque, Talabani precisou enfrentar vários problemas de saúde nos últimos anos. Foi operado do coração com sucesso nos Estados Unidos em agosto de 2008 e recebeu vários tratamentos médicos no exterior.

Nascido em 1933 em Kalkan, uma aldeia nas montanhas, 400 quilômetros a nordeste de Bagdá, Talabani começou muito jovem na política, por admiração a Moustafa Barzani, figura lendária do nacionalismo curdo.

Criado em Kirkuk, sonhou, aos 15 anos, tornar-se médico, optando finalmente pelo Direito, a fim de se dedicar à política. Em 1952, sua participação em manifestações anticolonialistas em Bagdá obrigou-o a interromper os estudos, retomados depois de 1958.

Realizou seu serviço militar na artilharia, somando-se, depois, ao Partido Democrático do Curdistão (PDK), fundado em 1946. Combateu nas montanhas durante a primeira grande revolta curda de 1961.

Quando o líder carismático Barzani assinou em fevereiro de 1964 um acordo de paz com Bagdá, sem mencionr a autonomia do Curdistão, Jalal Talabani optou, porém, pela dissidência, partindo para o Irã.

Após a ruptura definitiva com o PDK, ele anunciou, em junho de 1975, em Damasco, a criação do UPK, que pretendeu estar mais à esquerda do que seu rival.

A partir daí, a rivalidade UPK/PDK marcou a vida política curda.

"Tio Jalal", como era chamado por seus simpatizantes, construiu uma sólida reputação de homem de paz por tentar reduzir as diferentes comunidades do país, entre xiitas e sunitas, entre árabes e curdos.

"É o único presidente cuja morte vai entristecer os árabes, os curdos e todas as outras etnias", reagiu Zana Saïd, deputado do UPK.

Ao longo de sua carreira política, cultivou boas relações com os Estados Unidos e com o Irã e nunca teve medo de estabelecer alianças pouco ortodoxas.

Casado e pai de dois filhos, Talabani tinha reputação de "bon vivant", mas seus problemas de saúde marcaram o fim de sua carreira política e vida pública.

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