Gás sarin foi utilizado na Síria dias antes do ataque de Khan Sheikhun

Gás sarin foi usado no norte da Síria uma semana antes de ataque que deixou 80 mortos no país
AFP
Publicado em 04/10/2017 às 11:56
Gás sarin foi usado no norte da Síria uma semana antes de ataque que deixou 80 mortos no país Foto: Foto: ABD DOUMANY / AFP


O agente neurotóxico sarin foi utilizado em uma localidade no noroeste da Síria no final de março, cinco dias antes do letal ataque de Khan Sheikhun, que matou mais de 80 pessoas - anunciou a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) nesta quarta-feira (4).

"A análise das amostras coletadas (pela Opaq) se refere a outro evento registrado no norte da Síria em 30 de março deste ano", declarou o diretor-geral da Opaq, Ahmet Üzümcü, em uma entrevista à AFP.

"Os resultados comprovam a existência do sarin", afirmou.

"Não sabemos muitos detalhes neste momento. Fomos informados sobre 50 pessoas feridas, mas nenhuma vítima fatal", acrescentou.

Em 4 de abril, um ataque aéreo atingiu Khan Sheikhun, uma pequena cidade controlada por rebeldes e por extremistas na província de Idlib, matando pelo menos 83 pessoas.

Na madrugada de 6 a 7 de abril, em resposta ao ataque químico atribuído ao governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, 59 mísseis de cruzeiro do tipo Tomahawk foram disparados por dois navios americanos no Mediterrâneo em direção à base aérea síria de Al-Shaayrate (centro).

Até então, o ataque de Khan Sheikhun era considerado o primeiro uso de gás sarin desde aquele de 21 de agosto de 2013, em áreas nas mãos dos rebeldes, nos arredores de Damasco.

Segundo os Estados Unidos, esse primeiro ataque causou pelo menos 1.429 óbitos e quase precipitou uma resposta dos EUA. A medida de represália foi contida graças à Rússia, que forçou seu aliado sírio a assinar um acordo com a Opaq para destruir seu arsenal de armas químicas.

Üzümcü garantiu à AFP, porém, que o gás sarin foi usado na localidade de Al-Lataminah, cerca de 20 quilômetros ao sul de Khan Sheikhun, cinco dias antes.

A missão de investigação da Opaq recuperou amostras de solo, vestuário e elementos metálicos, "que foram enviados para nossos laboratórios, e recebemos os resultados há alguns dias".

"É preocupante que tenha havido uso, ou exposição, ao sarin mesmo antes do incidente de 4 de abril", considerou Üzümcü.

Em junho, a Opaq confirmou que o gás sarin havia sido usado no ataque a Khan Sheikhun, sem apontar, porém, os responsáveis por seu uso.

No início de setembro, em seu 14º relatório da Comissão das Nações Unidas sobre a Situação dos Direitos Humanos na Síria, os investigadores da ONU afirmaram, pela primeira vez, que o governo era o responsável.

Essa acusação foi firmemente rejeitada por Damasco, que assegurou não usar armas químicas "contra seu povo".

Uma comissão conjunta da ONU e da Opaq, que também está investigando esse ataque no norte do país, ainda precisa determinar a parte responsável. Seu relatório deve ser divulgado em algumas semanas.

O governo Assad nega constantemente qualquer envolvimento em ataques químicos, alegando ter entregue todo seu arsenal após o acordo concluído com a Opaq em 2013.

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