Incêndios em Portugal e na Espanha deixam mais de 30 mortos

No domingo (15), o país tinha 440 incêndios declarados, "o pior dia desde o início do ano", relatou a porta-voz da Defesa Civil
AFP
Publicado em 16/10/2017 às 15:10
No domingo (15), o país tinha 440 incêndios declarados, "o pior dia desde o início do ano", relatou a porta-voz da Defesa Civil Foto: Foto: MIGUEL RIOPA / AFP


Trinta e cinco pessoas morreram nos incêndios florestais que continuava a atingir nesta segunda-feira (16) Portugal e a região vizinha da Galícia, na Espanha, após vários meses de seca e a passagem do furacão Ophelia.

Ao menos 32 pessoas morreram em Portugal, de acordo com um balanço atualizado divulgado pela Defesa Civil.

"Podemos confirmar a morte de 32 pessoas nos distritos de Coimbra, Castelo Branco, Viseu e Guarda", no centro e norte de Portugal, afirmou em uma entrevista coletiva a porta-voz da Defesa Civil, Patricia Gaspar.

Os incêndios também fizeram 56 feridos, entre os quais 16 estão em estado grave, segundo a mesma fonte.

No domingo (15), o país tinha 440 incêndios declarados, "o pior dia desde o início do ano", relatou a porta-voz.

O primeiro-ministro português, Antonio Costa, declarou "estado de catástrofe" no país, onde durante toda a noite 5.800 bombeiros lutaram para apagar 26 incêndios de grandes proporções.

Nesta segunda, cerca de 3.000 bombeiros seguiam combatente sessenta focos de incêndio ainda ativos.

O fogo foi propagado por rajadas de vento de até 90 km/h provocadas pelo furacão Ophelia, que avançava pelo norte da costa espanhola em direção à Irlanda.

"Vivemos um verdadeiro inferno, foi horrível. O fogo estava por toda a parte", relatou à televisão pública RTP uma moradora de Penacova, localizada perto de Coimbra e onde dois irmãos morreram quando tentavam combater o fogo.

'Incendiários'

A região da Galícia, na Espanha, também registrou vários focos de incêndio, com três mortos.

Nesta segunda-feira, o chefe de governo espanhol, Mariano Rajoy, acusou "incendiários" de estarem por trás da maior parte dos inúmeros incêndios.

"O que estamos vivendo aqui é algo que não acontece por acaso, isso foi provocado", declarou Rajoy a jornalistas após fazer um minuto de silêncio em homenagens às três vítimas fatais em Pazos de Borben, na Galícia, região onde o chefe de governo nasceu.

Rajoy, que falou de "inúmeros incêndios na Galícia nas últimas 48 horas", disse que um grande fogo começou perto deste povoado com cinco diferentes focos ao mesmo tempo durante a madrugada de domingo.

Milhares de bombeiros foram enviados à região e contam com o apoio de soldados e moradores.

O presidente da região, Alberto Nuñez Feijóo, afirmou que a Galícia "está farta" do "terrorismo incendiário".

"A Galícia não arde sozinha. A Galícia é queimada", assinalou.

Feijóo qualificou a situação como grave, apesar de uma chuva fina ajudar nos trabalhos contra as chamas, após no final de semana as condições terem sido favoráveis ao fogo, atiçado por fortes ventos originados pelo furacão Ophelia.

O ministro do Interior, Juan Ignacio Zoido, indicou em um tuíte que "já foram identificadas diversas pessoas relacionadas com os incêndios na Galícia".

De acordo com a previsão meteorológica, a temperatura deve cair nesta segunda-feira e chuvas devem ajudar os bombeiros a controlar as chamas.

O furacão Ophelia é o primeiro desde 1939 que avança desta tão ao norte do Atlântico.

'Seca severa'

"Fomos atingidos por uma seca severa e o país foi varrido por ventos fortes ontem (domingo) por causa do furacão Ophelia que passou pelas proximidades", afirmou a ministra portuguesa do Interior, Constança Urbano de Sousa.

Portugal registrou 524 incêndios no domingo, algo inédito desde 2006, ressaltou o primeiro-ministro Antonio Costa.

Em junho, o país enfrentou o incêndio mais mortal de sua história, que deixou 64 mortos e mais de 250 feridos perto de Pedrogao Grande, no centro do país.

Entre o início de janeiro e o final de setembro, quase 216 mil hectares de vegetação foram queimados, de acordo com uma estimativa do Instituto de Conservação da Natureza e Silvicultura.

Ao contrário da tragédia de Pedrogao Grande, onde as vítimas morreram em um único incêndio de violência sem precedentes, as vítimas deste domingo e segunda-feira pereceram em vários incêndios no centro e norte do país.

Os distritos de Viseu (norte) e Coimbra (centro) são os mais afetados, com 16 e 10 mortes, respectivamente.

Na Galícia, duas pessoas ficaram presas em seu veículo perto de Nigran enquanto tentavam fugir. Um homem idoso também foi encontrado morto em um galpão atrás de sua casa em Carballeda de Avia.

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