ONU aponta governo da Síria como responsável por ataque com gás sarin

Relatório divulgado nesta quinta-feira (26) determinou que o governo de Assad foi o responsável por um ataque com gás sarin que deixou mais de 80 mortos em abril
AFP
Publicado em 26/10/2017 às 21:44
Relatório divulgado nesta quinta-feira (26) determinou que o governo de Assad foi o responsável por um ataque com gás sarin que deixou mais de 80 mortos em abril Foto: Foto: ABD DOUMANY / AFP


Um relatório da ONU, divulgado nesta quinta-feira (26), determinou que o governo do presidente sírio, Bashar al-Assad, foi o responsável por um ataque com gás sarin na Síria que deixou mais de 80 mortos em abril.

O painel conjunto da ONU e a Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) indicaram no esperado relatório que o "sarin foi lançado por meio de uma bomba aérea jogada de um avião".

O grupo de especialistas "está certo de que a República Árabe da Síria é responsável pelo lançamento de sarin em Khan Sheikhun em 4 de abril de 2017", diz o documento, obtido pela AFP.

Mais de 80 pessoas morreram no ataque químico a este povoado, situado na província de Idleb, no nordeste da Síria.

As imagens de horror, divulgadas após o ataque, causaram indignação na comunidade internacional e levaram os Estados Unidos a lançarem mísseis contra uma base aérea de onde, assegura, foi lançado o ataque.

No mês passado, investigadores da ONU de crimes de guerra disseram que tinham evidências de que a força aérea síria estava por atrás do ataque mortal com sarin, apesar dos reiterados desmentidos de Damasco.

O relatório da ONU foi emitido dois dias depois que a Rússia vetou um projeto de resolução apresentado pelos Estados Unidos para ampliação da investigação sobre quem estaria por trás dos ataques químicos na Síria.

A Rússia, aliada da Síria, sustenta que o ataque com sarin foi causado principalmente por uma bomba desativada em solo e não produto de um ataque aéreo do exército.

Nenhum papel no futuro da Síria

Este relatório da ONU aumentará a pressão sobre o regime de Bashar al Assad, enquanto Washington, após as vitórias contra o grupo Estado Islâmico no campo de batalha, renova sua exigência de que o presidente de que o presidente deixe o poder.

Em Genebra, o secretário de Estado americano, Rex Tillerson, declarou a um grupo de jornalistas que Bashar al Assad não tem futuro como presidente da Síria e que ele terá que deixar o cargo no contexto de um processo de paz mediado pela ONU. Tillerson deve reunir-se em Genebra com Staffan de Mistura, que tenta coordenar uma nova rodada de negociações de paz para o mês que vem.

Tillerson afirmou que a política de Washington não mudou, embora suas declarações tenham incluído uma linguagem mais dura do que a até agora usada pelo governo americano, que no passado disse que o futuro de Al Assad não era a questão prioritária.

"Já disse isso várias vezes. O reinado da família Al Assad está chegando a seu fim, e a única questão agora é saber como ele será", acrescentou.

A Rússia, que leva adiante um processo de paz paralelo com Irã e Turquia na cidade de Astana, reagiu com frieza às declarações de Tillerson.

"Acho que não devemos antecipar o futuro de ninguém", disse o embaixador russo na ONU Vassily Nebenzia, que na terça-feira vetou uma tentativa dos Estados Unidos de estender a investigação da ONU sobre o ataque com gás sarin.

Guerra civil

De Mistura espera poder levar à frente uma série de negociações de paz entre o regime de Al Assad e a coalizão opositora em Genebra a partir de 28 de novembro.

Elas serão focadas no projeto de uma nova constituição e na celebração de eleições supervisionadas pela ONU em um país devastado pela guerra civil.

O regime de Al Assad foi salvo pela intervenção militar de Rússia e Irã, e insiste que não cederá ante os rebeldes, que classifica de "terroristas".

Os governos ocidentais, a oposição e muitos dos vizinhos árabes da Síria consideram as forças do regime sírio como principais responsáveis pelos 330.000 mortos no conflito.

Além dos ataques a seu próprio povo, Assad é responsabilizado pela tortura em grande escala e pelo assassinato de civis detidos.

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