Em discurso em Washington nesta segunda-feira (18), o presidente Donald Trump apresentará sua estratégia "America First", em meio às ameaças que pesam sobre os Estados Unidos, buscando concentrar sua resposta na frente econômica.
O presidente americano, que vem marcando uma clara ruptura com seu antecessor Barack Obama e contribuiu para isolar os Estados Unidos no plano internacional, anuncia nesta segunda sua Estratégia de Segurança Nacional (NSS, na sigla em inglês), documento-chave que passa em revista os desafios impostos aos Estados Unidos.
O texto afirmará a convicção do governo de que a competitividade econômica é "um tema de segurança nacional", afirmou uma autoridade americana, destacando a determinação do governo de lutar por trocas comerciais equilibradas - em particular com a China.
"A melhor arma de que dispomos é a força do nosso PIB", acrescentou a mesma fonte, citando uma frase do secretário americano da Defesa, Jim Mattis.
Mesmo antes do discurso de Trump, Pequim disse esperar que o mesmo "contribua para melhorar a confiança mútua entre China e Estados Unidos". Muitos elementos provam que as relações econômicas entre ambos os países são "mutuamente benéficas", destacou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Hua Chunying.
De acordo com essa fonte, além da concentração na economia, a abordagem de Trump se diferencia das anteriores - tanto de democratas quanto de republicanos - na questão de segurança interna e do controle das fronteiras.
O documento que será divulgado pelo governo Trump identifica quatro prioridades vitais: proteger o território americano, promover a prosperidade americana, preservar a paz pelo uso da força e fazer avançar a influência americana.
No final de setembro, em um discurso de violência incomum no contexto da Assembleia Geral da ONU, Trump insistiu na questão da "soberania" da América, pondo em xeque - ainda que parcialmente - o sistema multilateral tal como existe hoje.
Seu discurso inflamado não permitiu, porém, delimitar uma verdadeira "Doutrina Trump" sobre o papel dos EUA no mundo.
Questionado sobre o lugar reservado à mudança climática nesse documento, a fonte consultada pela AFP disse que o assunto não é identificado como "uma ameaça à segurança nacional" dos Estados Unidos.
Depois de chegar à presidência com uma mensagem claramente cética em relação ao aquecimento global, Trump anunciou a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre mudança climática firmado por quase 200 países.
A última NSS foi publicada em fevereiro de 2015. Na ocasião, Barack Obama advertiu longamente contra a tentação de decisões prematuras na gestão de crises internacionais.
"Em um mundo complexo, várias questões de segurança, com as quais nos confrontamos, não podem ser resolvidas com respostas fáceis e rápidas", afirmava, pedindo "paciência estratégica e perseverança".