O governo francês declarou o célebre manuscrito "Os 120 dias de Sodoma", do Marquês de Sade, como tesouro nacional para evitar que seja leiloado em Paris, indicou a casa Claude Aguttes nesta segunda-feira (18).
O Ministério da Cultura fez o mesmo com os "Manifestos do Surrealismo" de André Breton, de forma que os dois manuscritos não pudessem sair do território francês, indicou a casa de leilões à AFP.
Ambos os textos fazem parte de uma venda de documentos históricos que pertenciam ao fundo Aristophil, objeto de liquidação judicial e investigado por supostamente ter dado calote em seus investidores mediante a compra de famosos manuscritos.
"Os 120 dias de Sodoma" estava estimado entre quatro e seis milhões de euros, enquanto os dois "Manifestos do Surrealismo" estavam avaliados em quatro milhões de euros, junto com outros textos de Breton.
Sade escreveu sua polêmica obra em 1785, durante sua permanência na prisão na Bastilha de Paris. Em 1957 saiu da clandestinidade, impondo-se à censura. Em 1990, a obra do aristocrata começou a fazer parte da famosa coleção francesa de la Pléiade, reservada aos autores mais renomados.
O Ministério da Cultura propôs uma negociação para comprar as obras "no preço do mercado internacional", explicou Claude Aguttes. Sua retirada da venda ainda deve ser autorizada pelo administrador da liquidação do Aristophil.
Essa venda é a primeira das 300 programas durante seis anos para dispersar as 130 mil peças confiscadas do Aristophil e cujos lucros serão destinados aos seus 18 mil investidores.