ONU aponta Finlândia como a campeã mundial da felicidade

A ONU levou em consideração pontos como igualdade, qualidade das instituições e ausência de corrupção
AFP
Publicado em 22/03/2018 às 17:27
A ONU levou em consideração pontos como igualdade, qualidade das instituições e ausência de corrupção Foto: Foto: AFP


Durante muito tempo, a Finlândia foi estigmatizada por sua elevada taxa de suicídio, a introversão de seus habitantes e o frio intenso, mas agora um estudo aponta o país escandinavo como o mais feliz do mundo.

O Informe mundial de felicidade de 2018, publicado pela ONU, coloca a Finlândia na frente da Islândia, Suíça, Holanda, Canadá, Nova Zelândia, Suécia e Austrália.

"Quando ouvimos isso, pensamos que se tratava de um erro", diverte-se Ulla-Maija Rouhiainen, aposentada de 64 anos que mora em Helsinque.

A Finlândia merece esta medalha de ouro da felicidade que contradiz os preconceitos antes de tudo pelos critérios utilizados pela ONU, nos que não se destacam muito as emoções positivas como o riso ou a alegria.

A felicidade à finlandesa não se lê nos rostos, mas se mede em termos de cobertura das necessidades elementares.

"A satisfação na vida depende em grande parte de fatores como a qualidade das instituições de um país, a igualdade na distribuição das riquezas (...), a confiança mútua, a ausência de corrupção", indica o filósofo Frank Martela.

Entre os setores em que a Finlândia se destaca estão a pequena diferença entre os níveis salariais e a renda média anual, que foi de 25.694 euros em 2015.

A Finlândia e a Noruega são os únicos países europeus que conseguiram baixar o número de pessoas sem domicílio fixo entre 2014 e 2016, segundo um estudo da Fundação Abbé-Pierre e da Federação Europeia de Associações Nacionais (FEANTSA) publicado nesta semana.

Qualidade de vida

Os finlandeses têm uma vida cotidiana melhor que outros, pois seu sistema de saúde é eficiente, os horários de trabalho são flexíveis e as licenças parentais generosas tornam possível conciliar vida profissional e familiar.

A forte pressão fiscal, que financia os serviços eficazes do país, é aceita de forma consensual pela população, assim como a política de austeridade do governo de centro-direita que acompanha a recuperação econômica deste país membro da zona do euro, após anos de estagnação.

Os finlandeses votam em seu estado de bem-estar social, e 81% deles têm confiança nas suas escolas, em comparação com 67% em toda a OCDE, e 75% na justiça, contra 55% na média da organização internacional.

A Finlândia também ocupa o primeiro lugar em termos de felicidade de seus imigrantes.

Após 18 anos no exterior, as vantagens do modelo social levaram Henrika Tonder, empresária de 39 anos, a regressar a seu país natal com seu marido francês e seus filhos.

"Temos um equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal, e as pessoas terminam de trabalhar entre as 16h e 17h, o que deixa tempo para fazer coisas e estar com a família", acrescentou.

Suicídio, álcool e antidepressivos

O tempo livre também serve para ir à sauna, por exemplo. Em um país onde as cerimônias religiosas são pouco populares, a sauna é como uma igreja. Os 5,5 milhões de habitantes a frequentam ao menos uma vez por semana.

"Isso deixa você realmente feliz", diz Teri Kauranen, de 68 anos, que vai da sauna ao mar a 0° C, um pouco abaixo da temperatura exterior.

"Somos bons em tolerar as más condições (atmosféricas) e encontrar satisfação em situações que não aparentam geram felicidade", diz sorrindo Frank Martela.

Se o conceito de resiliência floresceu recentemente em outras partes do mundo, na Finlândia ele é conhecido desde sempre como "sisu", uma força misteriosa que combina abnegação, coragem, capacidade de se recuperar e não reclamar.

Se a definição de felicidade da ONU não levasse em conta os fatores socioeconômicos e só se baseasse nas emoções positivas, a Finlândia "não chegaria a estar entre os dez primeiros" países, aponta Frank Martela.

Embora tenha registrado uma queda espetacular desde o fim dos anos 1990, a taxa de suicídio na Finlândia continua sendo alta (14,1 por 100.000 em 2014), assim como o consumo de álcool e de antidepressivos.

 

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