Ao menos 64 pessoas, incluindo nove crianças, morreram e dezenas continuam desaparecidas após o incêndio do último domingo (25) que destruiu um shopping na cidade russa de Kemerovo, na Sibéria ocidental.
Os serviços de emergência e os bombeiros continuavam procurando vítimas entre os escombros do centro comercial de 1.500 metros quadrados, cujo teto desabou, informou a imprensa local. "Confirmamos as mortes de 64 pessoas", anunciou o Comitê de Investigação.
De acordo com a porta-voz da unidade local do ministério das Situações de Emergência, Borisa Dediujina, pelo menos nove crianças estão entre as vítimas fatais.
O governo local, que anunciou três dias de luto, afirmou que encontrou "diversas violações" das normas de segurança no shopping center, incluindo a ausência de sinalização em caso de incêndio e as saídas de emergência fechadas na sala de cinema onde a tragédia teve início.
"A questão é saber por quê as portas estavam fechadas", afirmou, indignado o vice-governador da região, Vladímir Chernov. O presidente russo Vladímir Putin expressou "profundas condolências" aos parentes das vítimas, anunciou o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
Um menino de 11 anos e uma jovem de 18 anos que saltaram do terceiro andar para escapar das chamas se encontram em estado grave, informou a ministra da Saúde, Veronika Skvortsova.
Outras nove pessoas estão hospitalizadas. "Os feridos se encontram em um estado quase satisfatório, mas muitos perderam parentes no incêndio e alguns seus filhos", declarou a ministra da Saúde.
O incêndio teve início no terceiro e último andar do centro comercial, que fica na avenida Lenin, no centro de Kemerovo.
O comitê de investigação russo anunciou a abertura de uma investigação criminal e a detenção de quatro pessoas, incluindo o homem que alugou o local onde o incêndio foi registrado e um diretor da empresa que administra o shopping.
Canais de televisão exibiram imagens de nuvens de fumaça no local várias horas depois do início do incêndio, que foi considerado controlado durante a noite.
Mas a detecção de novos pontos de fumaça nesta segunda-feira fez com que os bombeiros ativassem as mangueiras. O shopping incluía várias salas de cinema e restaurantes, além de uma sauna, e estava lotado no domingo. O incêndio provocou danos de quase três bilhões de rublos (42,6 milhões de euros).
"A causa do incêndio é negligência. A falta de respeito às normas é a causa catastrófica da desgraça que vemos hoje", declarou Anna Kuznetsova, secretária dos Direitos da Infância. "Estes centros comerciais existem em quase todas as regiões. Este drama é um sinal para verificar a segurança de todos, completou.
Testemunhas afirmaram que não ouviram alarmes de incêndio. "Não aconteceu nenhum anúncio, as pessoas começaram a correr para a saída. Depois veio o cheiro de queimado e percebemos que não era um exercício", disse uma mulher ao canal Rossia 24.
Uma investigação foi aberta por "violação das normas de segurança que resultou na morte por imprudência de pelo menos duas pessoas", anunciou o governo.
O incêndio foi um dos mais graves registrados na Rússia na última década. Em 5 de dezembro de 2009, um incêndio provocado por fogos de artifício em uma discoteca em Perm, nos Urais, matou 156 pessoas. Em 21 de março do mesmo ano, 63 pessoas faleceram no incêndio em um asilo de Kamychevatskaia, sul da Rússia.