Ex-presidente romeno é acusado de crimes contra a humanidade

Acusações se concentram nas atitudes tomadas após a queda do ditador comunista Nicolae Ceaucescu
AFP
Publicado em 17/04/2018 às 16:00
Acusações se concentram nas atitudes tomadas após a queda do ditador comunista Nicolae Ceaucescu Foto: Foto: Daniel MIHAILESCU / AFP


O ex-presidente romeno Ion Iliescu foi acusado de crimes contra a humanidade pelos sangrentos dias que se seguiram ao levante anticomunista de dezembro de 1989, anunciou nesta terça-feira (17), em Bucareste, a promotoria do Tribunal Superior de Cassação. 

Estas acusações se concentram nas atitudes tomadas após a queda do ditador comunista Nicolae Ceaucescu e de sua mulher, Elena, julgados e executados em 25 de dezembro de 1989. 

Para os investigadores, essas medidas, que naquele momento se somavam à "psicose terrorista que havia chegado ao ápice entre militares e civis armados", provocaram muitas situações de "fogo amigo". 

Ion Iliescu "aceitou e ratificou as medidas militares", algumas delas para manipular, segundo um comunicado dos fiscais.

Mortos

No total, 1.104 pessoas morreram na Romênia durante os eventos de dezembro de 1989: 162 antes da queda de Ceaucescu, que ordenou a repressão a manifestações, e 942 nos dias posteriores. O balanço, 28 anos depois, continua a ser questionado.

Iliescu governou a Romênia de 1989 a 1996 e de 2000 a 2004.

O político de 88 anos afirma, por sua parte, que "mantém a cabeça erguida diante do julgamento da História".

"Uma revolta popular criou um vazio de poder. Pessoas das mais diversas áreas da sociedade tentaram dar sentido à mudança (...). Agora, são acusados de se atreverem a isso", escreveu na semana passada em seu blog.

Este anúncio representa uma nova etapa no processo, arquivado em 2015 e reaberto em 2016 por decisão do Tribunal Superior de Cassação.

Dois altos funcionários do Exército também foram acusados, acrescentou a promotoria. 

Yosif Rus, ex-comandante da aviação militar, é acusado pela morte de 48 pessoas no aeroporto de Otopoeni em 23 de dezembro de 1989, quando militares do Ministério da Defesa e Segurança (polícia da política secreta) dispararam uns contra os outros durante a confusão.

No início de abril, os promotores solicitaram sinal verde ao atual presidente romeno, Klaus Iohannis, para processar Iliescu e o ex-primeiro-ministro Petre Roman em outra seção do "Dossiê da Revolução". Iohannis deu sua aprovação na semana passada.

TAGS
Romênia comunismo
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory