Na visita do primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, à Flórida, o presidente americano, Donald Trump, assegurou que os Estados Unidos vão trabalhar para ajudar Tóquio a trazer para casa seus cidadãos sequestrados pela Coreia do Norte.
O governo japonês suspeita que Pyongyang seja responsável por dezenas de desaparecimentos nos anos 1970 e 1980 com o intuito de formar seus espiões.
Tóquio espera que a questão seja tratada na cúpula prevista entre Donald Trump e o líder norte-coreano, Kim Jong Un.
A Coreia do Norte reconheceu em 2002 o sequestro de 13 japoneses, mas o governo japonês diz que foram 17.
Um mês depois do reconhecimento, cinco deles foram autorizados a retornar ao Japão. Pyongyang afirma que os outros oito morreram, mas não forneceu provas.
Em 2004, a Coreia do Norte entregou ao Japão restos incinerados alegando que eram as cinzas de Megumi Yokota, sequestrada aos 13 anos em 1977, a mais jovem dos 17 casos contabilizados por Tóquio. Mas o Japão declarou então que os testes de DNA contradiziam essa afirmação.
Os japoneses suspeitam que a Coreia do Norte tenha sequestrado dezenas de seus compatriotas. A polícia japonesa conta 800 desaparecimentos, dos quais não exclui sequestros de Pyongyang.
Um relatório publicado em 2014 pela ONU indica que "desde 1950, a República Popular Democrática da Coreia executou, como uma política de Estado em grande escala, uma política sistemática de sequestros e recusa de repatriação, seguidos de desaparecimentos forçados de pessoas de outros países.
Esses casos somariam mais de 200.000 pessoas, incluindo crianças, trazidas de países estrangeiros para a República Popular Democrática da Coreia, aponta o relatório.
A maioria são sul-coreanos bloqueados no Norte após a divisão do país e a guerra da Coreia de 1950-1953.
Outras centenas de pessoas, incluindo mulheres do Líbano, Tailândia, Malásia, Cingapura, Romênia e França, foram sequestradas ou desapareceram depois de uma estadia na Coreia do Norte entre os anos 1960 e 1980, de acordo com o relatório da ONU.
Mais recentemente, a Coreia do Norte sequestrou na Coreia do Sul e na China alguns cidadãos desses países.
O primeiro-ministro japonês fez desta questão uma prioridade. "Vou colocar todas as minhas forças para obter avanços para resolver a questão dos sequestros na perspectiva das próximas discussões (entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte)", disse ele antes de viajar para a Flórida.
Donald Trump expressou seu apoio a Tóquio quando, em novembro, encontrou-se com as famílias de cidadãos sequestrados durante sua visita ao Japão.
Em virtude de um acordo concluído em Estocolmo em maio de 2014, a Coreia do Norte se dispôs a investigar todos os sequestros de japoneses, um avanço considerável em uma questão que bloqueia as relações entre Tóquio e Pyongyang.
Mas desde então quase não houve progresso, enquanto os programas nuclear e balístico de Pyongyang deterioraram ainda mais as relações.
"É pouco provável um rápido retorno dos sequestrados, mesmo que o presidente Trump evoque a questão na sua cúpula com Kim", estima Satoru Miyamoto, professor e especialista em Coreia do Norte da Universidade Seigakuin.
"Nenhum avanço foi alcançado desde a visita do ex-primeiro-ministro (Junichiro) Koizumi à Coreia do Norte (em 2002), e o regime norte-coreano declarou que nenhum dos cidadãos japoneses está vivo", acrescentou.