O líder da Coreia do Norte, Kim Jong Un, surpreendeu o mundo ao anunciar a suspensão dos testes nucleares e de mísseis balísticos, assim como o fechamento das instalações de provas atômicas.
A informação foi dada pela agência de notícias oficial norte-coreana KCNA.
A decisão foi celebrada por Washington, União Europeia Seul e Pequim.
"A partir de 21 de abril, a Coreia do Norte deterá seus testes nucleares e seus lançamentos de mísseis balísticos intercontinentais. Pyongyang "fechará as instalações de testes nucleares no norte do país para demonstrar sua promessa de suspender os testes nucleares", confirmou a agência sul-coreana Yonhap.
"Como já comprovamos a efetividade das armas nucleares, não necessitamos realizar mais testes nucleares ou lançamentos de mísseis de médio ou longo alcance, ou de mísseis balísticos intercontinentais", declarou Kim em um evento do Partido, segundo a KCNA.
"As instalações nucleares do Norte completaram sua missão", acrescentou Kim na reunião do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores da Coreia.
O regime norte-coreano promoveu durante anos uma política de "desenvolvimento simultâneo" nos âmbitos militar e econômico, recordou Kim, afirmando que agora a Coreia do Norte é um Estado poderoso.
"O partido e toda a Nação deverão se concentrar agora no desenvolvimento da economia socialista. Esta é a nova política estratégica do partido", declarou Kim ao Comitê Central.
O presidente americano, Donald Trump, saudou o anúncio de Kim como "uma ótima notícia para a Coreia do Norte e para o mundo". "Grande progresso", tuitou.
A Coreia do Sul celebrou a decisão, qualificada de "avanço significativo" para a "'desnuclearização' da península coreana".
"Isto criará um entorno muito positivo para o sucesso das iminentes cúpulas entre as Coreias e com os Estados Unidos".
A União Europeia afirmou que o anúncio feito pelo líder da Coreia do Norte indica sua vontade de respeitar "suas obrigações internacionais" e de acatar as resoluções do Conselho de Segurança da ONU, escreveu, em um comunicado, a representante da diplomacia da UE, Federica Mogherini.
A China, principal aliado da Coreia do Norte, também celebrou o fim dos testes nucleares.
"A China acredita que a decisão de suspender os testes nucleares e se concentrar em desenvolver a economia e melhorar o nível de vida das pessoas ajudará a distender a situação na península coreana", afirmou, em um comunicado, Lu Kang, porta-voz da chancelaria chinesa.
A Rússia, por sua vez, também considerou o anúncio uma "etapa importante para uma distensão na península coreana".
Mas o ministro japonês da Defesa, Itsunori Onodera, destacou que não estar satisfeito com uma declaração na qual Kim Jong Un não menciona "o abandono dos mísseis balísticos de curto e médio alcance", que ameaçam o Japão.
Por isso, o premiê japonês Shinzo Abe saudou com cautela a declaração de Kim Jong Un, também mencionando a importância de saber se isso significa o abandono completo do programa nuclear.
Os analistas alertaram que o anúncio é promissor, mas limitado.
"É um passo necessário, mas insuficiente para a Coreia do Norte volte a seus antigos compromissos de não-proliferação", afirmou Daniel Pinkston, da Universidade de Troy.
O secretário executivo da Organização do Tratado de Proibição Completa dos Testes Nucleares (OTPCE), Lassina Zerbo, convidou a Pyongyang a ratificar o tratado internacional, adotado em 1996, para "consolidar o progresso" que marca este anuncio.
Assinado por 183 países, os estados com tecnologia nuclear que ainda não ratificaram o texto, além da Coreia do Norte, são China, Estados Unidos, Índia, Paquistão, Egito, Irã e Israel.
Pyongyang obteve rápidos progressos tecnológicos em seus programas de armas nos últimos anos, provocando duras sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU, dos Estados Unidos, da União Europeia, de Coreia do Sul e de outros países.
No ano passado, o regime norte-coreano realizou seu sexto teste nuclear, o mais potente até a data, e lançou mísseis capazes de atingir o território americano.
O anúncio deste sábado, que os Estados Unidos aguardavam há tempo, é um passo crucial no rápido degelo diplomático que experimenta a península coreana.
A revelação chega menos de uma semana antes da cúpula entre Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, na Zona Desmilitarizada que divide a península, e semanas antes do encontro entre o líder norte-coreano e o presidente americano, Donald Trump.