Comércios, bancos e empresas privadas da Nicarágua acolheram nesta sexta-feira uma greve geral convocada pela opositora Aliança Cívica, para exigir ao governo de Daniel Ortega a libertação de centenas de pessoas detidas nos últimos quatro meses por participar nos protestos, que deixam mais de 320 mortos.
A maioria dos 20.000 negócios do Mercado Oriental, o maior centro de compras do país, fecharam suas portas, com poucas pessoas caminhando ou limpando as ruas, constatou a AFP.
"A greve está excelente, assim apoiamos os garotos que estão presos, que estão sendo torturados, que não deveriam estar na prisão só por protestar", disse à AFP Geidy Áreas, uma comerciante de 38 anos.
Pelo menos 300 nicaraguenses estariam sendo processados por sua participação nos protestos, dos quais 85 foram acusados de "terrorismo", denunciou o Alto Comissariado dos Direitos Humanos da ONU em um informe publicado na semana passada.
A greve busca fazer com que o governo interrompa a perseguição a manifestantes e os sequestros, e que liberte os "presos políticos", disse a Aliança Cívica pela Justiça e Democracia, integrada por estudantes, empresários e diferentes grupos sociais.
A movimentada estrada para Masaya, ao sul de Manágua, onde funcionam centenas de negócios e restaurantes, estava mais vazia que o normal.
Os colégios privados se uniram à greve, assim como livrarias, cinemas e vários postos de gasolina.
Muitos negócios situados ao norte e leste da capital, porém, não acataram o chamado à greve, com muitos comerciantes e trabalhadores argumentando a necessidade de gerar renda para suas famílias.
A greve teve maior força nos departamentos de León (oeste) e Masaya (sul), que foram fortemente afetados pela repressão durante os protestos, assim como na zona norte do país e no turístico porto de San Juan del Sur.
Os protestos começaram em 18 de abril contra uma fracassada reforma da Previdência, e depois se transformaram para exigir que o governo de Ortega deixe o poder devido à violência que exerceu contra os manifestantes.