O papa expulsou da Igreja outros dois bispos chilenos por "abusos de menores", anunciou o Vaticano nesto sábado (13) depois de Francisco ter recebido o presidente chileno, Sebastián Piñera, em audiência privada. Os bispos Francisco José Cox Huneeis, arcebispo emérito de La Serena, e Marco Antonio Ordenes Fernández, arcebispo emérito de Iquique, receberam a maior punição da Igreja Católica "como resultado de atos manifestos de abuso de menores", afirmou a Santa Sé em um comunicado.
A decisão foi adotada pelo papa nessa quinta-feira (11) e "não admite recurso", diz a nota indicando que os dois bispos foram informados em suas respectivas residências por seus superiores.
O anúncio feito por ocasião da visita do presidente chileno ao Vaticano foi interpretado como uma mensagem concreta de que o pontífice está determinado a aplicar com firmeza a "tolerância zero" contra a pedofilia. A questão foi abordada pelos dois líderes durante a reunião privada na biblioteca particular do papa.
"Tivemos um encontro muito bom e franco com o Papa Francisco, falamos sobre a difícil situação em que vive a Igreja no Chile. Compartilhamos a esperança de que a Igreja possa viver um verdadeiro renascimento e recuperar o afeto e a proximidade do povo de Deus ", disse Piñera em declarações à imprensa no final da reunião.
Por sua parte, o Vaticano reconheceu em uma nota oficial que os dois líderes abordaram "a dolorosa ferida do abuso infantil, enfatizando o compromisso de todos em colaboração para combater e prevenir a prática desses crimes e sua ocultação".
Em 28 de setembro, o papa expulsou do sacerdócio o influente religioso chileno Fernando Karadima, 88 anos, que formou vários bispos.
Francisco está comprometido com a limpeza da Igreja chilena, atormentada por acusações de abuso sexual de menores e até agora afastou nove bispos.
Em maio último, os bispos chilenos, com mais de trinta anos de vida apostólica, apresentaram sua renúncia em bloco após o encontro com Francisco.
O Ministério Público chileno investiga mais de cem bispos, padres e leigos como autores ou acobertadores em casos de abuso sexual de menores e adultos que se estenderam por quase seis décadas, e solicita informações sobre eles do Vaticano, tema sobre o qual Piñera não quis se pronunciar.