Incêndios na Califórnia somam 59 mortos e cerca de 130 desaparecidos

O incêndio florestal que atingiu o norte da Califórnia é considerado um dos piores da história
AFP
Publicado em 15/11/2018 às 10:40
O incêndio florestal que atingiu o norte da Califórnia é considerado um dos piores da história Foto: Foto: JOSH EDELSON / AFP


Os incêndios que continuavam assolando a Califórnia já deixaram 59 mortos, segundo o balanço mais recente divulgado pelas autoridades, que aumentam seus esforços para encontrar cerca de 130 pessoas reportadas como desaparecidas.

"Restos de oito novas vítimas foram encontrados" ontem na localidade devastada de Paradise, de 26 mil habitantes, localizada aos pés das montanhas da Serra Nevada e ao norte da capital do estado, Sacramento, anunciou o xerife Kory Honea em entrevista coletiva, durante a qual também anunciou a chegada de material para acelerar a análise genética.

"A partir de amanhã, todos que acharem que um membro de sua família morreu podem vir deixar uma amostra de DNA", disse o xerife, acrescentando que, no momento, a prioridade é a busca por vítimas do chamado "Camp Fire", incêndio florestal mais letal da história da Califórnia.

Os efetivos dedicados a esta tarefa já somam 461 pessoas, auxiliadas por 22 cães especializados na busca por restos humanos.

Policiais já conseguiram localizar mais de 200 pessoas, assinalou o xerife. Na tarde dessa quarta-feira (14), cerca de 130 nomes continuavam na lista de desaparecidos, principalmente idosos que moravam em Paradise, cidade que foi totalmente destruída pelo incêndio, que já queimou cerca de 56 mil hectares.

Centenas de quilômetros ao sul, perto de Los Angeles, o "Woolsey Fire" já fez arder quase 40 mil hectares, deixando três mortos. O fogo foi declarado ali na semana passada, como no norte, e se espalhou rapidamente, afetando o célebre balneário de Malibu, onde foram levantadas ontem as ordens de evacuação para algumas regiões.

Uma maratona

O presidente Donald Trump expressou ontem seu apoio aos californianos no Twitter. Mas no sábado passado provocou polêmica ao acusar o estado da Califórnia de má gestão florestal em áreas que, em sua maioria, estão sob controle federal.

"Paradise estava bem preparada para este tipo de emergência, mas este incêndio foi sem precedentes, resistente, e muita gente ficou presa", apesar das ordens de evacuação, declarou o governador da Califórnia, o democrata Jerry Brown, que se reuniu com vítimas e efetivos mobilizados na região.

Os bombeiros californianos receberam uma ajuda importante pelo ar, mas o fogo continuava avançando. No norte do estado, não está prevista chuva até o final da próxima semana.

Autoridades locais também emitiram um alerta de poluição do ar devido aos incêndios. Muitas ordens de evacuação continuam em vigor, e não devem ser levantadas por semanas.

As famílias cujas casas foram incendiadas ainda não podem retornar. "É uma maratona, não um sprint, mas temos que trabalhar todos juntos na reconstrução", declarou Mark Ghilarducci, do serviço de emergências da Califórnia.

Carol Hansford, 83, disse à AFP em Chico, perto de Paradise, que deseja desistir. "Já fui evacuada duas vezes, acho que acabou para mim. Não quero mais estar no meio de pinheiros. Perdi tudo. Tínhamos uma casa grande , que eu havia limpado no dia anterior, e, agora, não restam mais do que cinzas", lamentou.

A origem dos incêndios não é clara, mas vítimas abriram um processo coletivo em San Francisco contra a empresa de eletricidade local Pacific Gas & Electricity (PG&E). Segundo a denúncia, do advogado Mike Danko, que representa 20 vítimas do Camp Fire, o incêndio pode ter sido causado por "faíscas de solda" sobre uma linha de alta tensão da empresa. A PG&E negou qualquer responsabilidade.

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