Atualizada às 18h41
Após o governo venezuelano denunciar, nesta terça-feira (30), uma tentativa de golpe de Estado depois que o líder oposicionista Juan Guaidó disse ter apoio de um grupo de soldados, o chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, afirmou que o governo brasileiro vê o autoproclamado presidente interino como ''fraco militarmente''. Ainda segundo Heleno, o Brasil não irá intervir no conflito que se instaurou no país vizinho.
"A gente tem a sensação que o lado do [Juan] Guaidó é fraco militarmente. Mas hoje quando ele anunciou apoio das Forças Armadas teve um rastro de esperança [disse em relação a uma possível tomada de poder]", declarou o chefe do GSI, que afirmou também haver claras demonstrações de que a cúpula militar é favorável ao governo de Nicolás Maduro, que assumiu o seu segundo mandato no dia 10 de janeiro deste ano.
Segundo o general, o governo não tem "pretensão de violar o preceito constitucional de não interferir em assuntos internos de países amigos''. A declaração foi feita a jornalistas após Heleno se reunir com o presidente Jair Bolsonaro e com o vice-presidente Hamilton Mourão. Heleno também descreveu como "covardia" o atropelamento de pessoas que protestavam contra Maduro na capital da Venezuela, Caracas, nesta terça-feira.
Apesar de não intervir militarmente, o ministro afirmou que o governo do presidente Jair Bolsonaro continuar a encorajar Guaidó, mas com uma postura "bastante prudente e cuidadosa". O governo brasileiro se preocupa também com o momento após a queda de braço entre o ditador e o líder da oposição.
"São duas hipóteses bastante claras: ou permanece Maduro ou entra o Guaidó, com outra situação política e social", declarou. "As Forças Armadas estão até agora apoiando o Maduro. Mas, se amanhã o Guaidó ganhar essa queda de braço, como ficarão as Forças Armadas? São hipóteses que a gente não pode aprofundar porque são internas do país, mas a gente acaba pensando", declarou.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, declarou que o país norte-americano apoia "o povo venezuelano" e afirmou acompanhar de perto a situação na Venezuela.
Em resposta a Juan Guaidó, o presidente Nicolás Maduro disse contar com a ''lealdade total'' da liderança militar do País. "Nervos de Aço!" Falei com os Comandantes de todos os REDI e ZODI do País, que manifestaram total lealdade ao Povo, à Constituição e à Patria. Apelo à máxima mobilização popular para garantir a vitória da Paz. Nós vamos ganhar!", declarou.
Segundo o vice-presidente do Brasil, general Hamilton Mourão, Guaidó e o opositor Leopoldo López foram para o "tudo ou nada". "O Guaidó e o Leopoldo López foram para uma situação que não tem mais volta. Não há mais recuo. Depois disso aí ou eles vão ser presos ou o Maduro vai embora. Não tem outra saída para isso aí", afirmou.