Dezenas de milhares de pessoas se reuniram debaixo de uma forte chuva no Victoria Park, neste domingo (18), em Hong Kong, em uma manifestação para mostrar que o movimento pró-democracia continua popular, apesar da crescente violência e das ameaças de intervenção de Pequim.
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Para acabar com as acusações de "terrorismo" do governo central chinês, a Frente Civil de Direitos Humanos (FCDH) pediu um protesto "racional e não violento".
Diversos manifestantes começaram a caminhar em direção ao bairro do Almirantado, mais a oeste, desafiando a proibição da polícia de retirar o protesto do parque.
'A polícia deixa feridos'
O objetivo foi, mais uma vez, denunciar a violência policial. Outros reconheceram um aumento na violência entre os manifestantes, que, em sua versão mais radical, não hesitam em atirar pedras e coquetéis Molotov.
"Alguns têm uma forma extrema de expressar seus pontos de vista", admitiu Ray Cheng, de 30 anos.
"Eu sou contra a violência", explicou a senhora Wong, de 54 anos. "Mas o que os radicais fazem é quebrar vidros, não machucam ninguém, enquanto a polícia deixa feridos", denunciou.
Radicalização
Esta é a pior crise política na ex-colônia britânica desde seu retrocesso à China em 1997. Pequim qualificou as ações mais violentas dos manifestantes como "quase terroristas".
Tendo início em junho para rejeitar um projeto de lei controverso que autoriza as extradições para a China, desde então, a mobilização ampliou suas reivindicações para pedir um verdadeiro sufrágio universal. Internamente, aumenta o temor de uma crescente interferência da China.
Dez semanas após a primeira manifestação, o movimento praticamente não obteve nenhuma resposta do Executivo pró-Pequim, com sede em Hong Kong.
A propaganda chinesa tem repetidamente divulgado fotos da violência com a intenção de desacreditar as contestações. A mídia chinesa também divulgou imagens de soldados chineses e de veículos blindados do outro lado da fronteira, em Shenzhen.
A manifestação deste domingo busca se apresentar como uma prova da determinação dos ativistas pró-democracia e da popularidade de seu movimento.
"Não abandonaremos"
"Se a tática de Pequim e Hong Kong é deixar nosso movimento morrer pouco a pouco, eles estão errados. Não vamos desistir", afirmou Bonnie Leung, porta-voz da FCDH.
As autoridades justificam sua decisão nos atos por estarem cada vez mais violentos. O movimento de protesto não cede, apesar da detenção de mais de 700 pessoas em mais de dois meses de manifestações.
No sábado, as manifestações começaram com uma marcha de milhares de professores para apoiar o movimento pró-democracia, em grande parte motivado por jovens militantes. Na parte da tarde, uma multidão ainda maior se reuniu para seguir para Hung Hom e To Kwa Wan, dois bairros populares de portos frequentados por turistas chineses do continente.
Ao mesmo tempo, milhares de apoiadores do governo também se reuniam em um parque para denunciar o movimento e apoiar a polícia.