O Senado da Bolívia se reúne nesta terça-feira (12) determinado a preencher o vácuo de poder gerado após a renúncia do presidente Evo Morales, esperado no México como refugiado político, consequência de três semanas de protestos contra as questionadas eleições de 20 de outubro.
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Os parlamentares estão convocados para uma sessão para ratificar a renúncia de Morales. Diante da saída em bloco dos altos cargos leais ao líder indígena, a segunda vice-presidente do Senado, Jeanine Añez, deve ser nomeada como presidente interina.
"Essa é a intenção (ser nomeada presidente provisória)", disse Añez à imprensa, ao chegar à sede do Congresso boliviano em La Paz, vinda de sua região de Beni (nordeste). "Não podemos ficar sem governo", acrescentou.
Resta ver se os senadores de todo país conseguem chegar a La Paz, depois de uma segunda-feira marcada por atos violentos. Hoje, as ruas de La Paz acordaram paralisadas, sem transporte público.
Añez, 52 anos, disse estar confiante em que o Senado poderá reunir todos os 19 dos 36 assentos necessários para realizar a sessão, uma vez que "os parlamentares do Movimento ao Socialismo (partido de Morales) também estão dispostos a acabar com essa incerteza, com esse vandalismo e essa instabilidade que temos no país".
"Já temos um calendário. Acho que a população estará gritando que, em 22 de janeiro, já temos um presidente eleito", acrescentou Añez, em conversa com a imprensa na segunda-feira, evocando a data prevista para uma posse presidencial.
A Bolívia está em um vácuo de poder desde domingo, quando Morales renunciou em meio a fortes pressões e a episódios violentos que surgiram após sua polêmica reeleição.
Rumo ao México
Morales viajou na noite de segunda-feira em um avião militar com destino ao México, que concedeu a ele asilo político após sua renúncia, enquanto os militares se uniam à polícia para conter a violência nas ruas do país.
"Irmãs e irmãos, parto rumo ao México, agradecido pelo desprendimento do governo deste povo irmão que nos deu asilo para proteger nossa vida", declarou.
"É doloroso abandonar o país por razões políticas, mas sempre estarei à disposição. Em breve voltarei com mais força e energia", tuitou o ex-presidente indígena.
O chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, confirmou a partida de Morales de um avião da Força Aérea do México, horas após informar o asilo político por considerar que "sua vida e sua integridade" correm risco na Bolívia.
Em meio à onda de protestos, agora protagonizada por partidários de Morales, as Forças Armadas decidiram realizar operações conjuntas com a polícia para conter a violência em várias regiões do país.
O comandante das Forças Armadas, general William Kaliman, "determinou a execução de operações conjuntas com a polícia para evitar sangue e luto na família boliviana".
A decisão ocorreu após um pedido do chefe da polícia de La Paz, coronel José Barrenechea, diante de ataques a quartéis de polícia em algumas cidades por parte de partidários do ex-presidente.
Morales renunciou sob pressão das Forças Armadas, da polícia e da oposição, que exigiram que ele deixasse o cargo que ocupa desde 2006 para pacificar o país.
Em meio à indefinição, a polícia deteve 33 juízes eleitorais por ordem da Procuradoria boliviana, com base na auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre as eleições de 20 de outubro.