CONFLITO

Exército do Irã diz que Trump não tem coragem para executar ameaças

O presidente americano advertiu que tem 52 alvos para lançar ataques caso o Irã invista contra pessoas ou propriedades dos EUA

JC Online
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Publicado em 05/01/2020 às 8:52
Foto: TAUSEEF MUSTAFA / AFP
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O exército do Irã respondeu neste domingo (5) as ameaças feitas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o país afirmando que 'duvida' que o americano tenha coragem para executá-las. Em uma série de publicações, Trump advertiu que os EUA têm 52 alvos para lançar ataques caso o Irã invista contra pessoas ou propriedades americanas em vingança à morte do general Qassem Soleimani.

"Num potencial conflito no futuro, o que eu não acredito que eles [americanos] tenham coragem de realizar, vai ficar mais claro onde os números 5 e 2 vão se encaixar", disse o general Abdolrahim Musavi, de acordo com a agência iraniana Irna. "Dizem esse tipo de coisa para desviar a atenção da opinião pública mundial de seus atos odiosos e injustificáveis, mas duvido que tenham coragem", completou.

Pelo Twitter, o ministro das Comunicações e Tecnologia da Informação do Irã, Mohammad Javad Azari-Jahromi, chamou o presidente norte-americano de 'terrorista de terno'.

Neste domingo (5), o Irã convocou, pela terceira vez nos últimos cinco dias, o representante suíço dos interesses americanos em Teerã para responder à ameaça de Trump de que Washington teria alvos iranianos na mira se o Irã atacasse americanos.

Entenda

Eventos na última semana envolvendo os Estados Unidos, o Irã e o Iraque mostram que os conflitos entre os três países não é de hoje. Na noite dessa quinta-feira (2), um ataque ordenado pelo presidente americano Donald Trump, no Aeroporto Internacional de Bagdá, no Iraque, matou o chefe da guarda revolucionária do Irã, o general Qassem Soleimani e pelo menos mais sete pessoas. Devido a isto, o Irã prometeu 'retaliação severa' aos EUA.

>>> Mapa interativo mostra como ataque dos EUA ao Irã afeta no mundo

Veja o histórico dos últimos acontecimentos envolvendo os três países:

27/12/2019 -  Funcionário americano morre após ataque com mísseis

Um funcionário terceirizado americano morreu e vários militares ficaram feridos após um ataque com mísseis contra uma base no norte do Iraque na sexta-feira (27). Bases e representações dos Estados Unidos foram alvos, desde o final de outubro, de uma série de ataques com mísseis que não foram reivindicados, mas Washington culpou os grupos paramilitares xiitas apoiados pelo governo do Irã.

29/12/2019 - Exército americano bombardeia bases de milícia pró-iraniana no Iraque

O exército americano bombardeou as bases de uma milícia armada pró-iraniana no Iraque, o Kataib Hezhollah, que deixou pelo menos 25 combatentes iraquianos mortos. O ataque ocorreu na fronteira com a Síria, dois dias após um foguete resultar na morte de um americano no Iraque.

31/12/2019 - Adeptos de milícia tentam invadir embaixada dos EUA em Bagdá

Adeptos de uma milícia apoiada pelo Irã tentaram invadir a embaixada dos Estados Unidos em Bagdá, capital iraquiana, na última terça-feira (31). A tentativa ocorreu como forma de protesto aos ataques realizados pelos americanos ao grupo de milícias Kataib Hezhollah. Os manifestantes também acenaram faixas das Forças de Mobilização Popular (PMF, na sigla em inglês). O PMF é um guarda-chuva de milícias que formalmente faz parte do aparato de segurança iraquiano.

Trump chegou a acusar o Irã de "orquestrar" o ataque à embaixada. Sobre o caso, o Irã denunciou "a audácia" dos EUA ao acusar o Teerã (capital do Irã) de estar por trás da tentativa de invasão à embaixada. No mesmo dia, os Estados Unidos enviaram 500 soldados ao Kuwait, vizinho do Iraque.

01/01/2020 - Coalizão ordena que apoiadores se retirem da embaixada dos EUA

No dia seguinte à tentativa de invasão, Hashd al Shaabi, uma coalizão de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, ordenou que os seus apoiadores se retirassem da embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. No mesmo dia, os manifestantes deixaram o local.

02/01/2020 - General iraniano é morto após ataque dos EUA ao Aeroporto de Bagdá

Na noite dessa quinta-feira (2), o general iraniano Qasem Soleimani e o líder paramilitar iraquiano Abu Mehdi al-Muhandis morreram em um ataque dos Estados Unidos contra o Aeroporto de Bagdá, no Iraque. O ataque aconteceu três dias depois dos manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque. 

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Iranianos choram durante protesto contra a morte de Qasem Soleimani - Foto: ATTA KENARE / AFP
Foto: Aamir QURESHI / AFP
No Paquistão, protestantes queimam a bandeira dos Estados Unidos - Foto: Aamir QURESHI / AFP
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Na Índia, protestante segura imagem do presidente iraniano Hassan Rouhani em ato contra os EUA - Foto: TAUSEEF MUSTAFA / AFP
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Mulheres iranianas participam de protesto contra 'crimes americanos' no Teerã - Foto: ATTA KENARE / AFP
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Bandeira dos Estados Unidos posta no chão para os carros passarem em Bagdá, capital do Iraque - Foto: AHMAD AL-RUBAYE / AFP
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No cartaz, o poderoso general Qasem Soleimani, morto em bombardeio dos Estados Unidos nessa quinta - Foto: TAUSEEF MUSTAFA / AFP
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Protesto na Índia, Ásia - Foto: TAUSEEF MUSTAFA / AFP
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Protestantes seguram cartazes contra EUA e Israel após ataque que provocou morte do general iraniano - Foto: TAUSEEF MUSTAFA / AFP

03/01/2020 - Reações no Brasil e no mundo após ataque

O Irã prometeu "retaliação severa" aos Estados Unidos após a morte do comandante. O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, alertou que uma "retaliação severa' está aguardando" Washington após o ataque aéreo que resultou na morte do general. Ele também declarou três dias de luto. Após a morte do líder do Irã e a promessa de vingança contra os EUA, usuários do Twitter pediram, por meio de hashds_matia_palvr que ficaram entre os assuntos mais comentados no Brasil na manhã dessa sexta-feira (3), para que o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciasse sobre o caso.

A morte do poderoso general iraniano Qassem Soleimani provocou fortes reações em seu país. Sobre o caso, os principais pré-candidatos democratas dos EUA, Joe Biden, Bernie Sanders e Elizabeth Warren, criticaram o ataque. Já o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que os EUA têm direito de auto-defesa, justificando o ataque que matou o general. "Assim como Israel tem o direito de legítima defesa, os Estados Unidos têm exatamente o mesmo direito", comentou.

Ainda na sexta, a embaixada norte-americana em Bagdá apelou para os cidadãos que deixem o Iraque "imediatamente" e que "partam de avião o mais rápido possível" ou saiam "para outros países por via terrestre". Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas de Teerã, no Irã, para protestar contra os "crimes" dos EUA. Com frases como "Morte aos Estados Unidos" e cartazes com a foto do comandante assassinado, os manifestantes lotaram as ruas ao longo de vários quarteirões no centro de Teerão depois das orações de sexta-feira. Em entrevista à Rádio Jornal, o cientista político e internacionalista Thales Castro afirmou que a 'situação é gravíssima' após o ataque.

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