PREVENÇÃO

Editorial: Brasil realiza 8,8 milhões de mamografias a menos do que deveria

Os números expostos pelo Instituto Nacional do Câncer e pela Sociedade Brasileira de Mastologia explicam a existência de um mês inteiro de conscientização, o Outubro Rosa

JC Online
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Publicado em 03/10/2019 às 8:04
Foto: Helia Scheppa/Acervo JC Imagem
Os números expostos pelo Instituto Nacional do Câncer e pela Sociedade Brasileira de Mastologia explicam a existência de um mês inteiro de conscientização, o Outubro Rosa - FOTO: Foto: Helia Scheppa/Acervo JC Imagem
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De 11,5 milhões de mamografias que deveriam ter sido realizadas no ano passado, apenas 2,7 milhões foram feitas, isto é, perto de 10 milhões de mulheres brasileiras, segundo essas contas, estão sujeitas ao câncer de mama, sobretudo as mais pobres e menos informadas. Os números expostos pelo Instituto Nacional do Câncer e pela Sociedade Brasileira de Mastologia explicam a existência de um mês inteiro de conscientização, o Outubro Rosa. Oportuno, mas ainda insuficiente para o tamanho da gravidade de um mal que nas estimativas oficiais vai atingir 59 mil brasileiras neste ano, com um grau de mortalidade potencialmente tão alto que deveria virar um mantra, motivo de comoção, de mobilização geral e ruidosa, programa de conscientização nas escolas e em todos os meios de comunicação, da televisão ao cordel.

É preciso alardear que a mamografia é um exame com capacidade de identificar o câncer de mama em estágio inicial, que mais da metade dos casos de câncer de mama chegam aos consultórios em fase avançada, principalmente de mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde, o que dificulta e até elimina a possibilidade de cura. Aí cabe aproximar a lente para compreender melhor o que se passa: há desinformação, sim, principalmente nos segmentos mais pobres da população, mas se deve acrescentar o reconhecimento de que há mais dificuldades para pacientes atendidas pelo SUS porque são maiores as dificuldades para agendar consultas e mamografia, e é grande a demora para receber o diagnóstico e iniciar o tratamento, como mostra a repórter Cinthya Leite na reportagem “Foco no respeito à paciente”, destacando que o objetivo da Sociedade Brasileira de Mastologia é que sejam agilizados consulta, mamografia, diagnóstico e tratamento.

É bom reconhecer que nosso Estado desenvolve um trabalho respeitável nessa área através do Hospital de Câncer de Pernambuco, seja pela Rede Feminina de Combate ao Câncer – grupo voluntário que atua no hospital com alerta para a importância da detecção da doença no estágio inicial –, seja ao dar prova de seu comprometimento com essa causa ao lançar uma campanha com o mote

Mamografia no Hospital do Câncer

O câncer de mama não espera para depois. Indo mais à frente, até mesmo em relação ao Ministério da Saúde, que indica mamografia de rastreamento para mulheres com idade entre 50 e 69 anos, no SUS, o nosso Hospital de Câncer abriu as portas para as mulheres a partir dos 40 anos realizarem a mamografia este mês, sem a necessidade de encaminhamento por outro serviço de saúde, com base no diagnóstico do seu superintendente-geral, Hélio Fonseca: “Quanto mais cedo for detectada a doença, maior a possibilidade de tratamento pouco invasivo e maior a chance de alcance de cura”.

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