Preso em Curitiba desde o último sábado (7), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é considerado culpado pela maioria dos brasileiros (57%) e inocente para 32%, segundo pesquisa realizada pela Ipsos de 7 a 10 de abril com 1.200 pessoas nas cinco regiões do país. Sete em cada dez entrevistados (69%) acham que ele tem alguma participação em esquemas de corrupção investigados pela Lava Jato e praticamente todos (99%) ouviram falar de sua ida para a cadeia, notícia amplamente divulgada.
Mas as opiniões estão divididas com relação à ida do petista para cadeia com 50% dos entrevistados a favor e 46% contra – empate técnico dentro da margem de erro de 3 pontos percentuais. A falta de consenso permanece quando a questão é se a prisão foi justa – resposta de 50% - ou injusta – escolha de 44%. A proporção dos que concordam e dos que discordam da afirmação “A Lava Jato até agora nada provou contra o ex-presidente Lula” é idêntica 47%. “Lula continua dividindo opiniões e a polarização do país em torno da sua figura continua alta, tornando a corrida eleitoral ainda mais incerta”, afirma Danilo Cersosimo,
diretor de Public Affairs na Ipsos.
Mais da metade dos entrevistados (55%) acredita que a Lava Jato faz perseguição política contra Lula, mas a maioria (58%) discorda que ele tenha sido condenado por ter uma origem humilde. Três em cada quatro brasileiros (73%) acreditam que “os poderosos querem tirar Lula das eleições à presidência”. A taxa de discordância da afirmação de que o ex-presidente é mais
corrupto que os demais políticos é de 51%. Todos os políticos são corruptos para 56% da população.
A pesquisa da também investigou o que os brasileiros pensam sobre a Lava Jato. A maioria (60%) concorda que ela “está mostrando que todos os partidos são corruptos”, mas esse dado permaneceu em patamares próximos a 80% entre janeiro de 2016 e julho de 2017. Por outro lado, prevalece a concordância com a afirmação de que a operação “está mostrando que o PT é mais corrupto que os outros partidos” (53%), no entanto, esse número, que oscila ao longo dos meses já esteve na casa dos 70% em janeiro, novembro e dezembro de 2016.
O índice de discordância (47%) com a afirmação de que “A Lava Jato está investigando todos os partidos” superou o de concordância (43%), embora dentro da margem de erro. É a primeira vez que isso ocorre, desde abril de 2016, quando a questão passou a integrar o questionário.
Mesmo com Lula preso, a Lava Jato deve continuar para 95% dos entrevistados. No entanto, para dois terços dos entrevistados (66%), agora que o petista foi condenado, os políticos vão tentar encerrá-la. Para 9 em cada 10 brasileiros (92%), a operação deve continuar até o fim, porque há outros nomes que precisam ser investigados. No mês passado, esse dado era de
86%. Todos os políticos deveriam ser investigados para 91% dos entrevistados, mas a maioria (52%) discorda que isso esteja sendo feito.
O apoio à Lava Jato se mantém mesmo que isso traga mais instabilidade política (89%), econômica (85%) ou mais desemprego (74%). A operação deve continuar “custe o que custar” para 93% da população. “Os resultados mostram que a prisão de Lula não encerra a missão da Lava Jato. Há uma unanimidade de que a Lava Jato precisa continuar e que ainda há muitas pessoas para investigar”, comenta Cersosimo.
A Lava Jato vai fortalecer a democracia para 73% dos entrevistados, transformar o Brasil em um país sério para 63% e acabar com a classe política para 51%. Mas, a expectativa de que a operação traga alguma consequência não é tão certa. O índice dos que concordam que operação vai acabar em pizza é de 46%, enquanto 42% discordam.