O vice na chapa do PT na corrida ao Planalto, Fernando Haddad, criticou o anúncio feito nesta quarta-feira (15) pela procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, de contestar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O posicionamento de Dodge veio algumas horas depois de o PT registrar oficialmente Lula na Justiça Eleitoral como candidato. Segundo Haddad, "não querem esperar a manifestação do STJ (Superior Tribunal de Justiça, no julgamento sobre a questão da segunda instância) antes de decidir o registro". A fala foi feita a jornalistas nesta quinta-feira, 16, em São Paulo, em coletiva após participar de evento promovido pelo Todos Pela Educação.
A procuradora-geral eleitoral, Raquel Dodge, decidiu nesta quarta-feira contestar a candidatura de Lula, preso e condenado no âmbito da Operação Lava Jato, à Presidência. O candidato a deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), líder do Movimento Brasil Livre (MBL), e o candidato a deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP), também entraram com ação no TSE para barrar a candidatura do ex-presidente. Hoje, o presidenciável do PSL, Jair Bolsonaro, contestou o registro de Lula.
"Estamos ingressando, pela Lei da Ficha Limpa, com um recurso liminar no STJ para suspender os efeitos da condenação em segunda instância. Como que o Tribunal Superior Eleitoral vai se manifestar antes do posicionamento do STJ. Me parece incompatível com a legislação em vigor", defendeu. "O que se vê e que parece é que essa perseguição aos direitos do presidente não tem fim", acrescentou Haddad.
O petista também foi questionado sobre o pedido de esclarecimento feito pelo Ministério Público Federal quanto às visitas dele e da senadora Gleisi Hoffmann, que representam Lula como advogados, mas, segundo o MPF, na verdade estariam atuando politicamente nas visitas. O procurador Deltan Dellagnol pediu que a polícia esclarecesse o sistema de visitas. "Eles não estão lá para saber do que a gente trata. Ou tem escuta?", argumentou. Estou dizendo que fui lá conversar sobre um documento essencial para o registro. Não existe candidatura sem registro. E não existe registro sem plano de governo. Como vou elaborá-lo sem ouvir o candidato?", defendeu.
Haddad negou enfraquecimento da sua sigla no Nordeste em uma disputa sem a presença de Lula - preso em Curitiba na Operação Lava Jato por causa do julgamento envolvendo o triplex de Guarujá (SP). "Nós governamos praticamente o Nordeste inteiro. PT governa Bahia, Piauí, Ceará, tem a melhor candidata no Rio Grande do Norte, tem coligação m Pernambuco e Paraíba. Em Sergipe...", disse.
A ligação pessoal da região com o ex-presidente não foi negada, mas Haddad destacou a relação dos nordestinos com figuras regionais. "Estamos indo para o quarto mandato na Bahia. Wellington Dias é eleito sem sair de casa de tanto prestígio que ele tem", disse.
Ontem, o candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, afirmou que poderá atrair votos do ex-presidente Lula caso o petista seja impedido de se candidatar nas eleições. Bolsonaro declarou ainda que Lula não conseguirá transferir votos suficientes para eleger um substituto de sua escolha.