A CPI da Petrobras decidiu convocar Pedro Barusco para novo depoimento. Barusco ocupou o cargo de diretor de Operações da Sete Brasil, empresa criada em 2011 para gerenciar contratos da Petrobras para contratação de sondas marítimas. O requerimento de convocação foi aprovado nesta quinta-feira (14) pelo colegiado da comissão.
Em março, Barusco afirmou à CPI que, em 1997, passou a receber propina por iniciativa pessoal. Segundo ele, a prática foi estendida a outras pessoas da Petrobras entre 2003 e 2013. O ex-gerente da Sete explicou ainda que a propina paga pelas empresas contratadas variava entre 1% e 2% dos valores dos contratos. Afirmou também que, do total desviado, metade era destinada ao PT.
Em mais de três horas de reunião, a comissão se dedicou a uma lista de 62 requerimentos relacionados como prioritários pelo relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). Na relação, foram excluídos pedidos de quebra de sigilos fiscal, bancário e telefônico dos ex-ministros Antonio Palocci e José Dirceu.
O colegiado aprovou ainda a convocação do presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Antônio Gustavo Rodrigues. O relator informou que os doleiros ouvidos em Curitiba apontaram brechas legais no sistema financeiro.
Também foram aprovados os depoimentos dos empresários Walter Torre Júnior (grupo WTorre), Luís Carlos Borba (presidente da Toshiba, acusada de contratos falsos com empresas do doleiro Alberto Youssef) e Fábio Pavan (envolvido em operações de vendas de poços da Petrobras na África).
A comissão ouvirá ainda os executivos da Petrobras Gustavo Freitas, Vítor Tiago Lacerda e Marcos Guedes Gomes Morais, além dos empresários Roberto Mendes, João Antonio Bernardi e Giorgio Martelli, da empresa Saipem.
Eles serão ouvidos sobre contratos assinados entre as duas empresas, em 2011, para construção de gasodutos de interligação entre os campos de Sapinhoá, Lula e Lula Nordeste. Autor do requerimento de convocação desses nomes, o deputado João Carlos Barcelar (PTN-BA) destacou as denúncias de pagamento de propina para esses contratos.
“A suspeita é reforçada porque os contratos assinados envolvem diretorias comandadas pelos envolvidos no escândalo de corrupção na Petrobras e porque João Antonio Bernardi, sócio da Hayley Empreendimentos e Participações, filial brasileira da empresa Hayley S/A, offshore usada para pagar propinas aos ex-dirigentes da Petrobras, é diretor da empresa Toyo Setal”, explicou.
Diretor de Operações e Participações da Sete Brasil, Renato Sanches Rodrigues aguarda, desde 9h30, o fim das votações de requerimentos na sala reservada da CPI para prestar depoimento ao colegiado. A Sete Brasil é investigada por pagamento de propina ao ex-diretor da estatal Renato Duque.
Em deleção premiada, Pedro Barusco afirmou que a empresa pagou propina a diretores da Petrobras nos contratos de construção de 28 sondas de perfuração.