O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), afirmou na tarde desta sexta-feira (16) que a Câmara já está fazendo a parte dela sobre o caso do presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acusado de corrupção e lavagem de dinheiro.
"Não temos que estar aqui discutindo a capacidade do STF que autorizou a abertura de investigação. Não temos mais nada a dizer senão aguardar a palavra final do Supremo. Se eu fosse levar em consideração isso (gravidade da denúncia), há muito tempo Dilma tinha que ter saído da Presidência, porque ela está muito pior do q qualquer cidadão brasileiro. Preside um governo irresponsável, corrupto e pior, que está levando o Brasil para o atoleiro de uma grave crise econômica."
Para Freire, Cunha não é o único parlamentar investigado no caso da Operação Lava Jato. "Vamos ter tempos muito difíceis por aqui. Acho que ele, inclusive, teve até encaminhamento meio célere. Já estamos com processo de investigação no STF."
Apesar da postura passiva, Freire disse que, caso o STF, que autorizou na quinta (15) a PGR a dar encaminhamento às investigações contra o peemedebista, ou o Conselho do Ética da Câmara, que recebeu esta semana uma representação pela cassação do mandato do presidente, confirmem as irregularidades a ele apontadas, "o PPS vai cumprir suas obrigações".
Um dos autores do pedido para cassar o mandato de Cunha, protocolado no Conselho de Ética da Casa na última terça (13), o PSOL divulgou nota na tarde desta sexta na qual afirma que não há mais o "benefício da dúvida em favor do deputado Eduardo Cunha". "O mínimo respeito pela democracia representativa, duramente conquistada, impõe o seu afastamento imediato da presidência da Câmara", defende o partido.
Cópia de documentação exibida no "Jornal Hoje", da TV Globo, mostram que as contas secretas que Cunha alega não existir foram abertas com cópia do passaporte dele, assinatura e o endereço residencial do peemedebista.
Semana passada, a Folha de S.Paulo revelou, com base em fontes próximas ao caso, o uso de documentos pessoais de Cunha e de familiares para a abertura das contas.
O endereço residencial do presidente da Câmara no Rio foi usado para a abertura das quatro contas atribuídas a ele na Suíça. Duas delas foram fechadas após as primeiras prisões da Operação Lava Jato no ano passado.
Nesta quinta-feira (15), o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a abertura de inquérito para que a PGR apure as suspeitas de corrupção e lavagem de dinheiro.
Como informou a Folha, as informações repassadas pela PGR ao STF indicam que Eduardo Cunha e sua esposa, Cláudia Cruz, movimentaram milhões em contas no exterior e contam com uma frota de carros avaliada em quase R$ 1 milhão à disposição no Rio de Janeiro.
Segundo o Ministério Público, Cunha abriu a conta no exterior nos anos 90. Os procuradores afirmam ainda que, ao abrir a conta em um banco suíço, a mulher do deputado afirmou que "era dona de casa".
A evolução patrimonial do casal é um dos indícios apontados pelo Ministério Público Federal para justificar a investigação do deputado e familiares por crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, fruto de desvios de recursos da Petrobras.
A abertura do inquérito foi autorizada pelo Supremo. Cunha e Cláudia serão investigados por corrupção e lavagem de dinheiro.