Receita propõe quebrar sigilo bancário de filho de Lula e de suas empresas

Estão na mira do Fisco, além das movimentações pessoais do empresário, os dados da LFT Marketing Esportivo e da Touchdown Promoções e Eventos Esportivos
Da Folhapress
Publicado em 28/10/2015 às 18:30
Estão na mira do Fisco, além das movimentações pessoais do empresário, os dados da LFT Marketing Esportivo e da Touchdown Promoções e Eventos Esportivos Foto: Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula


Na tentativa de ampliar a investigação da Operação Zelotes, a Receita Federal propôs a quebra dos sigilos fiscal e bancário das contas pessoais e de duas empresas que pertencem a Luis Cláudio Lula da Silva, filho do ex-presidente Lula.

Estão na mira do Fisco, além das movimentações pessoais do empresário, os dados da LFT Marketing Esportivo e da Touchdown Promoções e Eventos Esportivos, das quais ele é sócio, no período entre 2008 e 2015.

A expectativa na Receita é que o Ministério Público Federal, a quem cabe formalizar as solicitações, as acate e envie os pedidos à Justiça Federal nesta quarta-feira.

Mesmo sem ter nenhum funcionário, segundo os auditores da Receita, a LFT recebeu R$ 2,4 milhões da Marcondes e Mautoni Empreendimentos, cujo dono, Mauro Marcondes, foi preso na mais recente etapa da operação, segunda (26). Ele é suspeito de ter participado da suposta compra de medidas provisórias que beneficiam a indústria automotiva.

"Tal constatação [...] aduz ao questionamento sobre que tipo de serviço foi prestado pela LFT à Marconi & Mautoni que motivou pagamento de tão grande quantia", indagaram os auditores no relatório.

As sugestões constam no relatório elaborado pela Receita e anexado ao inquérito da Operação Zelotes, que encontrou indícios de venda das MPs e pagamentos de propina a integrantes do Carf (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais), vinculado ao Ministério da Fazenda.

A Coordenadoria de Investigação da Receita, responsável pelo documentos, quer identificar as origens e destinos das movimentações financeiras do filho de ex-presidente e de suas empresas, além dos valores que passaram pelas contas.

A Receita pleiteia ainda acesso às informações fiscais e bancárias de um restaurante da filha do ex-ministro Gilberto Carvalho, que também foi chefe de gabinete de Lula.

O Fisco propôs derrubar os sigilos da Cantina Sanfelice de 2008 a 2015, estabelecimento em Brasília que pertencia à filha de Carvalho e seu ex-marido. Segundo o ex-ministro, o restaurante quebrou e foi vendido, com dívidas de mais de R$ 1 milhão.

 

OUTRO LADO

Em contato com a Folha de S.Paulo nesta terça (27), o ex-ministro Gilberto Carvalho classificou como "um absurdo" a recomendação da Receita pela quebra dos sigilos do restaurante que foi de sua filha. Afirmou que já pôs à disposição da PF seus dados bancários, fiscais e telefônicos.

"Absurdo pessoas agirem sem comprovação, envolvendo minha família, como fizeram com a família do Lula. Vão verificar que é uma empresa que quebrou", disse.

Carvalho reiterou ainda que seu patrimônio não supera R$ 1 milhão: "Tenho uma chácara, um apartamento financiado em 19 anos e um carro de R$ 45 mil".

A reportagem ligou para o advogado de Luis Cláudio Lula da Silva, Cristiano Zanin Martins, nesta terça e quarta, mas ele não retornou as ligações.

Em nota divulgada na segunda (26), disse que protocolará junto ao Tribunal Regional Federal medida judicial questionando "as manifestas ilegalidades" na autorização de busca ocorrida no escritório de seu cliente, no dia da operação.

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