Confusão entre admiradores e adversários, tumulto e declarações controversas marcaram a visita do deputado federal Jair Bolsonaro (PP-SP) ao Recife, na manhã desta sexta (06). Da Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde participou de um debate no plenarinho, às 8h30, seguindo uma hora depois para o plenário principal, Bolsonaro se encaminhou por volta das 10h45 para a sede do Sistema Jornal do Commercio (SJCC), onde falou no programa do radialista Geraldo Freire. Ele deve regressar a Brasília no início da noite.
Na Alepe, as galerias foram tomadas por fãs do político, que gritavam palavras de ordem como "mito" e "queremos Bolsonaro presidente do Brasil". Representantes dos movimentos Pró-Vida e Direita-PE se pronunciaram contra o Estatuto do Desarmamento, mote principal de uma série de audiências públicas que o deputado vem realizando em todo o País. Do lado de fora, adversários de Bolsonaro se concentraram, juntamente com um carro de som.
Além do desarmamento, outros temas esquentaram o clima do evento. Enquanto o presidente da Associação de Policiais Militares de Pernambuco, major José Marcos, defendeu a ditadura militar, o presidente do Sindicato dos Policiais Civis, Aldo Cisneyros, rebateu dizendo que, apesar de não compactuar com os escândalos de corrupção envolvendo o PT, o Brasil não pode retroceder. Cysneiros retirou-se do recinto sob vaias, como já tinha acontecido, momentos antes, com o deputado estadual Edilson Silva (PSOL). Presidente da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Alepe, Edilson deixou o plenário, sob a proteção de uma escolta, após ter afirmado que o parlamentar era bem-vindo a Pernambuco, mas suas ideias.
No momento em que a comitiva de Bolsonaro saía do prédio da Alepe, manifestantes jogaram ovos em sua direção e entraram em atrito com os apoiadores do político. O trânsito na rua da União, nos fundos da Alepe, foi interrompido, e a polícia militar foi acionada para acalmar os ânimos.
Protesto na Alepe na passagem de BolsonaroVeja no registro de Bobby Fabisak/JC Imagem o tumulto na saída do deputado Jair Bolsonaro da Assembleia Legislativa de Pernambuco » http://goo.gl/BKQeLyPosted by Jornal do Commercio on Sexta, 6 de novembro de 2015
ENTREVISTA PRESTIGIADA NA RÁDIO JORNAL
Na Rádio Jornal, Jair e seu filho, o também deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSC-SP), participaram de um debate com o ex-deputado federal Fernando Ferro (PT). Dezenas de ouvintes enviaram perguntas, que queriam saber desde o time pernambucano de preferência de Bolsonaro, até sua opinião sobre a pena de morte.
Indagado diretamente por Geraldo Freire se havia sido torturador durante o regime militar, o deputado desconversou e falou das "torturas que o brasileiro sofre ao frequentar as filas dos bancos" e fez críticas à "mentirosa" Comissão Nacional da Verdade, que investiga os crimes cometidos entre 1964 e 1985.
Perseguido pela ditadura militar, Ferro declarou que tem "memória política" e "orgulho do partido do qual faz parte", e chamou de "indignação seletiva" e "armação política" a movimentação contrária ao governo da presidente Dilma Rousseff. "Lembro de vocês do PT vestindo calça jeans esfarrapada e usando desodorante Avanço. Hoje, botam terno Armani, e ganham o mesmo salário. Como pode?", provocou Jair Bolsonaro.
Na saída do prédio do SJCC, Bolsonaro elogiou a forma como está sendo recebido pelos recifenses e anunciou que a próxima cidade a ser visitada, em sua série de audiências públicas, será Cuiabá (MT). Ele se deixou fotografar com uma imensa bandeira de Pernambuco, segundo ele o local onde nasceu o Exército brasileiro, e aproveitou para fazer piada com os nordestinos: "agora vou defender o porte de peixeira".