Durante seu depoimento à CPI do BNDES, o empresário Eike Batista admitiu conhecer o Fernando Baiano, delator da Operação Lava Jato, e disse que esteve com o lobista -que nos encontros atuava como representante de um grupo estrangeiro interessado em fazer obras no porto do Açu (RJ)- duas ou três vezes, mas afirmou que ele nunca foi seu funcionário.
"Ele não prestava serviço para a OSX [empresa de seu grupo]", resumiu.
Em delação premiada, Baiano teria falado que o pecuarista amigo do ex-presidente Lula José Carlos Bumlai e ele teriam feito lobby para que a Sete Brasil -estatal criada para contratar sondas do pré-sal- contratasse os estaleiros do grupo de Eike e que Lula teria ajudado a intermediar o negócio.
Eike afirmou que não soube de qualquer negociação e que esse negócio não se concretizou. Perguntado sobre como conheceu Baiano, Eike respondeu que não sabia.
"Sei que ele apareceu no escritório".
Sobre Bumlai, ele afirmou que o pecuarista também não teve vínculo seu grupo.
BOBO
Durante a sessão, Eike teve um embate com o deputado Arnaldo Jordy (PPS-PA) sobre os financiamentos ao grupo EBX, do qual é fundador.
O ex-mais rico do Brasil afirmou ser um "empresário diferente" por atrair recursos estrangeiros para o país e disse não depender de recursos públicos.
Quando soube que não haveria a quantidade de petróleo anunciada nos campos de exploração de empresa, o empresário afirma que não utilizou todo o empréstimo junto ao Fundo da Marinha Mercante -que auxilia, com recursos públicos, a construção de navios e plataformas. Por isso, segundo Eike, os empréstimos que seu grupo tomou não geraram prejuízo nem ao Fundo nem ao BNDES.
"Tudo foi garantido por avais pessoais e meu capital próprio. O senhor pode me considerar bobo", disse o empresário. Jordy respondeu que não o considerava bobo.
"Eu fui otimista, achando que meus campos iam ter esse petróleo e era necessário construir meus próprios estaleiros e plataformas", completou o empresário.
Eike afirmou ainda que pretende, "nos próximos 10 dias", resolver todo o problema de suas dívidas, que seriam hoje de US$ 1 bilhão, e voltar ao mercado com "patrimônio possível".
"Depois de dois anos e meio, resolvi R$ 80 bilhões de dívidas com o sistema privado. Muito obrigado", disse o antigo homem mais rico do Brasil, agradecendo a ele mesmo.
Perguntado pelo deputado se ele era um fenômeno, Eike respondeu: "Eu sei" -o que causou riso dentre os demais presentes à sessão.
LULA
Eike admitiu ter contribuído com campanhas de grandes partidos políticos, mas afirmou que o fez por "acreditar a democracia".
Mas, após a derrocada nos negócios, o empresário afirmou que não caberia ao governo ajudar um "empresário bilionário em crise" e que a captação de recursos junto a bancos públicos foi feita quando não conhecia o ex-presidente Lula.
"Nunca nos metemos com política. Não faz parte da cultura da minha família, do meu pai. Quando começamos a falar com o governo, já era tarde", admitiu Eike, que admitiu ter pedido encomendas da Petrobras a seu estaleiro.