Médicos pedem que governo 'saneie' a Hemobrás, novo alvo da PF

A Operação Pulso aponta desvios por meio de obras e contratos superfaturados
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 11/12/2015 às 13:00
A Operação Pulso aponta desvios por meio de obras e contratos superfaturados Foto: Foto: JC Imagem


A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) - formada por médicos e profissionais da área de sangue e hemoderivados - informou que acompanha "com preocupação" a Operação Pulso, da Polícia Federal, deflagrada na quarta-feira (9) para reprimir organização criminosa envolvida em um esquema de direcionamento de licitações e desvio de recursos públicos da Hemobrás - Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia, vinculada ao Ministério da Saúde

"A ABHH, ao longo dos últimos anos, denunciou a falta de transparência nos negócios da Hemobrás e solicitou, por várias vezes, assento, como representante dos especialistas em hematologia e hemoterapia, no Conselho da Empresa, pleito este que nunca foi considerado", afirma a entidade, em nota divulgada na quarta. "A ABHH espera que, apesar das graves irregularidades apontadas, o fornecimento de medicamentos aos pacientes não seja interrompido e que o governo aproveite a oportunidade para sanear esta empresa que é de todos os brasileiros", diz o texto

A PF mira nos principais dirigentes da Hemobrás, entre eles o diretor-presidente Rômulo Maciel Filho e o diretor de Produtos Estratégicos e Inovação Mozart Sales, criador do programa Mais Médicos, polêmica aposta do governo Dilma Rousseff para a área da saúde pública. Quando os agentes chegaram ao prédio residencial de Maciel Filho, em Recife, "voou" dinheiro vivo pela janela.

Maciel Filho e Mozart Sales foram afastados de suas funções. A Operação Pulso aponta desvios por meio de obras e contratos superfaturados. Os recursos desviados podem ter sido usados para financiar campanhas eleitorais, segundo os investigadores.

A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular destacou que a Hemobrás "é responsável pelo recolhimento do plasma excedente do hemocentros públicos e seu posterior encaminhamento para o fracionamento pela empresa francesa LFB".

Um dos contratos sob suspeita da PF é relativo ao armazenamento do plasma feito ultimamente em caminhões frigoríficos. O contrato inicial, no valor de R$ 880 mil teria sido majorado para R$ 8,3 milhões sem licitação.

"A Hemobrás também é responsável pela compra e distribuição dos fatores de coagulação usados para o tratamento de pacientes hemofílicos, o que causa preocupação nos médicos e pacientes ante a possível interrupção deste fornecimento", alerta a ABHH.

 

Defesas

Em nota publicada em sua página na internet, a Empresa Brasileira de Hemoderivados e Biotecnologia informou que está colaborando com as investigações. A Hemobrás afirma que "as ações da Operação Pulso não atrapalham o funcionamento da empresa nem o cumprimento dos prazos já estabelecidos na entrega de medicamentos em todo o território nacional".

Na quarta-feira (9) quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Pulso, o Ministério da Saúde emitiu nota à imprensa dizendo que "considera inadmissível qualquer uso inadequado e irregular de recursos públicos, sobretudo quando se trata de desvios de verba da saúde, impactando na vida de pacientes e familiares". 

A nota dizia que até aquele momento a pasta não havia sido notificada da Operação Pulso da Polícia Federal, deflagrada nesta quarta-feira (9). "Em todo caso", afirma a o texto, "o Ministério da Saúde está buscando conhecer o objeto da investigação para que, então, possa adotar qualquer medida que seja necessária. A pasta também se colocou "à disposição das autoridades policiais para contribuir com as investigações".

Segundo a Hemobrás, Romulo Maciel Filho "não deseja" se manifestar à imprensa sobre a Operação Pulso. Mozart Sales não foi localizado para comentar.

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