Os senadores de oposição se manifestaram contrários à possibilidade de o ex-presidente Lula assumir uma pasta ministerial. A hipótese passou a ser discutida nos bastidores como forma de proteção judicial a Lula após avanço da operação Lava Jato e condução coercitiva realizada na última sexta-feira.
"Se isso realmente se consagrar e o presidente assumir o ministério, eu acho preocupante no que diz respeito às investigações. Não há como escapar da percepção de que isso tenha realmente a ver com a tentativa de, alguma forma, obstruir a Justiça", afirmou o presidente do PSDB Aécio Neves (MG).
O líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), se sentiu desconfortável em comentar o assunto por ainda se tratarem de especulações. Ele vê, entretanto, a possibilidade de nomeação como defesa. "Assumindo um ministério, ele passa a ter um foro privilegiado e não sei como a Justiça interpretaria esse fato. Mas estamos falando aqui de um campo movediço da especulação", disse.
O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) afirmou que, se Lula assumisse um ministério, seria com "propósito explícito" de escapar do juiz federal Sérgio Moro, que coordena a operação Lava Jato. Já o líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), garantiu que, caso se concretize, vai entrar com ação popular pedindo a nulidade do fato.
Como ministro, Lula poderia responder às investigações com foro privilegiado, diretamente no Supremo Tribunal Federal. Em reunião mais cedo, na residência oficial da presidência do Senado, Lula negou aos senadores do bloco de apoio ao governo que tenha recebido qualquer convite por parte da presidente Dilma para assumir algum ministério.