População cobra atitude e fica difícil manter cargos no governo, diz Raupp

A convenção nacional do partido, neste sábado (12), deve marcar a posição de independência do PMDB com relação ao governo
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 12/03/2016 às 12:15
A convenção nacional do partido, neste sábado (12), deve marcar a posição de independência do PMDB com relação ao governo Foto: Foto: Waldemir Barreto / Agência Senado


Favorável ao desembarque do PMDB do governo, o senador Valdir Raupp (RO) disse na manhã deste sábado (12) que tem ficado "mais difícil" manter os cargos do partido na atual gestão petista. "A população cobra alguma atitude do PMDB. É difícil a manutenção dos cargos", afirmou, ao chegar para a convenção nacional do partido. No evento, a sigla deve focar na unidade em torno do vice-presidente da República, Michel Temer, que assumiria o País em caso de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e em estabelecer um período de 30 dias para definição oficial do afastamento do governo.

O período de um mês, de acordo com Raupp, é uma "prudência" para manter a convenção como "festa" do partido. "Hoje o PMDB está unido e 30 dias é o tempo necessário de maturação", disse o senador. Segundo ele, o partido está numa "encruzilhada".

O ato deste sábado (12) deve marcar a posição de independência do PMDB com relação ao governo e, portanto, os parlamentares deverão ser oficialmente liberados pelo partido para não votar de acordo com os interesses do Planalto. "A independência é inevitável porque na prática ela já está acontecendo", disse Raupp.

Nos bastidores, a orientação de lideranças do PMDB é não intervir no processo de decomposição do governo. Assim, o partido não irá convocar para as manifestações pró-impeachment, agendadas para domingo, 13, mas também não fará gestos de apoio ao governo. "O PMDB não vai para as ruas, mas apoia as manifestações pacíficas", disse Raupp.

Lava Jato 

O senador petista criticou o excesso de delações premiadas obtidas nas investigações da Lava Jato e disse que as autoridades precisam "olhar de forma diferente" para a situação atual. Raupp é um dos supostamente citados na delação premiada do senador Delcídio Amaral (PT-MS), segundo vazamentos do acordo de colaboração assinado pelo petista com o Ministério Público Federal. "Está virando um inferno. As pessoas falando de ouvir dizer. Cada um que vai preso delata 30, 40, 50 (pessoas) e, até produzir as provas, o nome já foi para mídia nacional. Está virando uma inquisição", reclamou Raupp.

A cúpula do PMDB no Senado foi citada por Delcídio. Parte dos senadores, contudo, já é alvo de inquéritos da Lava Jato perante o Supremo Tribunal Federal. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é investigado em sete inquéritos por suposta participação nas investigações da Petrobras. Para Raupp, isso não desgasta a imagem do partido, pois o PMDB é uma legenda "muito forte".

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