Não há nenhum aspecto de crime de responsabilidade contra Dilma, diz Wagner

Para Wagner, a saída de Dilma por meio do impeachment será um remédio ainda pior para a crise econômica
Do Estadão Conteúdo
Publicado em 14/03/2016 às 17:30
Para Wagner, a saída de Dilma por meio do impeachment será um remédio ainda pior para a crise econômica Foto: Foto: Agência Brasil


Assim como rechaçou as comparações das manifestações do domingo com a das Diretas Já, o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, afirmou nesta segunda-feira (14) que a presidente da República, Dilma Rousseff, não é igual ao ex-presidente Fernando Collor e que os processos de impeachment não podem ser comparados. "É péssima essa comparação com Collor, ali havia efetivamente caso de corrupção ligado à Presidência, o que não é o caso agora", afirmou, ressaltando que o processo em curso contra a presidente Dilma "é político." 

"Não tem nenhum crime de responsabilidade atribuído a presidente Dilma, o processo está sendo muito mais político, de tentar consertar a economia com impeachment", afirmou. 

Para Wagner, a saída de Dilma por meio do impeachment será um remédio ainda pior para a crise econômica, pois "vai paralisar o país por mais 120/180 dias". "E ai perdemos mais um ano." 

 

Estratégia 

Mesmo destacando que os protestos colocaram no centro da insatisfação a classe política, Wagner reconheceu que as manifestações devem ter animado a oposição a trabalhar com pelo afastamento de Dilma, mas disse que o governo continua confiante que tem os 172 votos para barrar o apoio do processo na Câmara dos Deputados. "Acho que teremos mais do que isso."

O ministro afirmou que o governo está trabalhando para tentar reaglutinar a base e tentar se aproximar da oposição. "Estamos reunindo ministros, lideranças políticos e a depender da decisão do Supremo, que pode ser quarta-feira, pode começar o processo. Vamos começar a montagem da comissão e depois conversar com todo mundo", afirmou. "Tenho tranquilidade para dizer que temos tudo para barrar processo na Câmara." 

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse na última sexta-feira que dará prosseguimento à abertura do processo de impeachment da presidente assim que o SupremoTribunal Federal (STF) decidir sobre os recursos da Câmara contra o rito de tramitação do impeachment definido pelo próprio STF. A decisão final do STF sobre o caso está marcada para esta quarta-feira, 16. Segundo Cunha, "45 dias são um prazo razoável para a tramitação do impeachment" na comissão.


PMDB

Wagner afirmou que, se o PMDB resolvesse desembarcar do governo durante a convenção nacional do último sábado, a notícia seria pior. "Foi uma decisão sabia para os dois lados", afirmou. "Cada um vai ler do jeito que quiser, eu leio, por exemplo, que o PMDB não decidiu, ou melhor, decidiu ficar no governo", completou. 

O ministro minimizou o fato de o partido ter assinado a moção proibindo que peemedebistas assumam cargo no governo pelos próximos 30 dias e disse que é "preciso esperar os 30 dias" para ver se haverá desembarque.

Em um primeiro sinal de rompimento com o governo Dilma Rousseff, o PMDB aprovou nos sábado uma moção que impede que membros do partido assumam novos cargos no governo pelos próximos 30 dias. A proibição vale até o diretório nacional tomar uma decisão definitiva sobre o desembarque ou não da gestão da petista.

Com isso, o deputado Mauro Lopes (MG) fica impedido de assumir a Secretaria de Aviação Civil nesta semana. O ministério havia sido prometido ao PMDB de Minas Gerais em troca do apoio à recondução do Leonardo Picciani (RJ), aliado do governo Dilma, à liderança do partido na Câmara.

Wagner disse que o acerto com Lopes continua válido e que por ele o deputado poderia assumir o cargo "amanhã". "Por mim, já tive a conversa com ele e assume até amanhã. Se a decisão dele está mantida ele assume amanhã", afirmou.

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