Em delação premiada, divulgada na íntegra nesta terça-feira (15) o senador Delcídio Amaral (PT-MS) acusou o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento, presidente do PR, de ser um dos mentores de um esquema de arrecadação de propina enquanto esteve à frente da pasta.
O ex-líder do governo no Senado disse que, graças à sua posição privilegiada, Alfredo Nascimento mantinha a bancada do PR unida e "articulava vários investimentos espúrios com governadores de Estado de vários partidos".
Alfredo Nascimento deixou o governo Dilma Rousseff em julho de 2011, quando veio à tona uma série de escândalos que culminaram na "faxina" dos Transportes.
Segundo Delcídio, havia um "jogo combinado" entre o então ministro dos Transportes, o ex-governador do Mato Grosso do Sul André Puccinelli e o ex-secretário estadual Edson Giroto (PR-MS), "a fim de promover uma descentralização de todos os investimentos federais no Estado, de forma a facilitar a arrecadação de propinas".
"Edson Giroto foi quem ficou responsável pela operacionalização desta descentralização de investimentos, sendo que a propina arrecadada era repassada ao PR e ao PMDB, através de Alfredo Nascimento", declarou Delcídio.
O senador disse que a operação ilícita serviu para irrigar "de forma espúria as campanhas eleitorais do PR e do PMDB no Mato Grosso do Sul e do PR Nacional" e que soube do esquema pelo próprio Edson Giroto.
Em julho do ano passado, parte do esquema foi revelado pela Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal. À época, Edson Giroto, ex-deputado e assessor especial do ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, pediu afastamento das funções na pasta. Sua casa, em Mato Grosso do Sul, foi alvo de busca e apreensão. Ele estava no cargo desde março de 2015.
Giroto foi titular da antiga Secretaria de Obras Públicas e Transportes de Mato Grosso do Sul durante os mandatos do ex-governador André Puccinelli (PMDB), entre 2007 e 2010. Retornou ao cargo em 2013 e 2014. Os prejuízos foram estimados em R$ 11 milhões, de um montante fiscalizado de R$ 45 milhões.
As investigações começaram em 2013 e revelaram superfaturamento em obras contratadas com a administração pública, por meio de empresas em nome próprio e de terceiros. Segundo a PF, o grupo desviava recursos públicos, corrompendo servidores públicos e fraudando licitações.
Procurada, a assessoria de Alfredo Nascimento não se manifestou até o fechamento desta matéria.