O Palácio do Planalto aguarda apenas a chegada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Brasília para oficializá-lo como novo ministro-chefe da Secretaria de Governo no lugar de Ricardo Berzoini. De acordo com fontes, o anúncio está preparado, à espera da liberação da presidente Dilma Rousseff. Lula embarcou por volta das 15 horas de São Paulo e deve chegar pouco antes das 17 horas à capital federal. O ex-presidente se encontrará com Dilma para acertar os seus detalhes no novo cargo.
Lula, que estava resistente a aceitar o convite, teria mudado de ideia após as manifestações de domingo, 13, que mostraram a necessidade de ele assumir uma posição no governo. Ainda não está certo qual papel terá Berzoini no governo, no entanto, a expectativa é que ele fique no governo como assessor especial ou em secretaria-executiva.
Além de tentar ajudar o governo a conter a crise política, o ex-presidente já havia passado a considerar a hipótese de assumir um cargo no Planalto depois que a juíza Maria Priscilla Ernandes, da 4ª Vara Criminal de São Paulo, ter decidido, na segunda-feira, 14, transferir para o juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato, a decisão sobre o pedido de prisão preventiva contra ele. O pedido foi feito pelo Ministério Público de São Paulo por suspeita de lavagem de dinheiro em suposta ocultação de patrimônio e falsidade ideológica no tríplex no Guarujá.
Se de fato aceitar entrar para a equipe de Dilma, Lula ganha a prerrogativa de foro privilegiado de julgamento. Isso significa que qualquer denúncia contra ele teria de ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal, e não pelo juiz Sergio Moro. O ex-presidente, porém, quer desvincular sua eventual ida para o Ministério da obtenção de foro privilegiado. "A possibilidade de Lula vir para o governo é real e concreta, mas a decisão, até agora, está na cabeça dele", disse o ministro da Casa Civil, Jaques Wagner, nesta segunda. "Todo mundo sabe da capacidade do ex-presidente de articulação política." Nesta terça, o ministro da Advocacia-Geral da União, José Eduardo Cardozo, negou possível "blindagem criminal" alegando que "não existe anistia para ministro".