Cármen Lúcia: manifestações refletem evolução da cidadania

Ministra toma posse na última semana de abril e será a primeira mulher a liderar a corte eleitoral, assumindo no lugar de Ricardo Lewandowski
Da ABr
Publicado em 17/03/2016 às 18:16
Ministra toma posse na última semana de abril e será a primeira mulher a liderar a corte eleitoral, assumindo no lugar de Ricardo Lewandowski Foto: Foto: Reprodução/ Twitter/ Vem Pra Rua


Primeira entrevistada do programa Palavras Cruzadas, da TV Brasil, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que as manifestações que vêm ocorrendo no país são reflexo do evolução da cidadania brasileira.

“Eu acho que todas as vezes que o cidadão vai às ruas e se manifesta, ele quer revelar exatamente o que pensa”, disse a ministra, futura presidenta do TSE para o biênio 2012/2014, eleita no último dia 6. Cármen Lúcia toma posse na última semana de abril e será a primeira mulher a liderar a corte eleitoral, assumindo no lugar de Ricardo Lewandowski.

Questionada sobre o protagonismo do Judiciário nos últimos meses, a ministra afirmou que o protagonismo é, na verdade, dos cidadãos. “O Judiciário decide, mas é provocado pelo cidadão." Cármen Lúcia disse que as manifestações contra os diversos atores políticos fazem parte da insatisfação popular, e que o povo brasileiro tem a tendência a “personificar”. Quanto aos elogios ao juiz Sérgio Moro, que comanda os processos da Operação Lava Jato, a ministra disse acreditar que são decorrentes de um trabalho que está sendo feito pelo juiz.

De acordo com ela, independentemente da instância, todos os juízes exercem suas funções estritamente vinculados à lei. Cármen Lúcia afirmou que confia no Poder Judiciário e que o Brasil, apesar de ainda ter que avançar em diversos sentidos, tem também pontos positivos a comemorar. “No Brasil, o juiz tem que fundamentar a decisão. Há de se reconhecer que somos um poder estruturado, levando em consideração a demanda do povo brasileiro.”

“O Brasil engole um elefante e engasga com uma formiga”, afirmou a ministra, destacando que o país não consegue resolver alguns problemas básicos e, no entanto, é capaz de fazer, por exemplo, eleições com meio milhão de candidatos e dar o resultado duas horas após o encerramento.

Para a ministra, a política é "uma grande conquista da humanidade" e, apesar de o país já ter avançado muito, ainda há muito a ser feito. Em relação a um possível tráfico de influência de políticos sobre ministros do STF, a ministra disse que o crime não pode vencer a Justiça.

“É inaceitável. Estou há dez anos no Supremo e nunca ninguém veio falar comigo nada. Não se chega a ninguém com nenhuma proposta indecorosa. Quem faz esse tipo de colocação, é preciso que venha comprovar o que está fazendo e porque está fazendo. Não é isso que acontece”, afirmou, defendendo a lisura da instituição.

O Palavras Cruzadas estreou nessa quarta-feira (16) e vai ao ar todas as quartas-feiras, às 22h, na TV Brasil. Apresentado pelos jornalistas Paulo Markun e Tereza Cruvinel, o programa contou, nessa edição, com a participação do diretor da revista eletrônica Consultor Jurídico, Márcio Chaer; da colunista da Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo; e do diretor da sucursal de O Estado de S. Paulo, em Brasília, Marcelo Moraes.

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