Janot quer investigar Aécio por corrupção passiva e lavagem de dinheiro

O procurador-geral da República determina que Aécio seja ouvido sobre o caso em 90 dias
Estadão Conteúdo
Publicado em 02/05/2016 às 19:37
O procurador-geral da República determina que Aécio seja ouvido sobre o caso em 90 dias Foto: Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil


O pedido de abertura de inquérito contra o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), feito pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (2), tem como objetivo apurar eventuais crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro relacionados ao esquema de propina em Furnas.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, determina que Aécio seja ouvido sobre o caso em 90 dias. Outros nomes, como o ex-diretor de Engenharia da estatal Dimas Toledo, também terão de prestar depoimento sobre o caso.

Segundo a PGR, a delação do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) trouxe "fatos novos" que fizeram com que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, resolvesse reavaliar as denúncias contra Aécio. O senador tucano já havia sido citado na delação do doleiro Alberto Youssef. 

Em seus depoimentos, ele apontou que, assim como o PP, o PSDB possuía influência em uma diretoria de Furnas por meio de José Janene, morto em 2010. Youssef disse ainda que Aécio teria recebido valores mensais, por intermédio de sua irmã, da empresa Bauruense, contratada por Furnas. 

No ano passado, porém, Janot pediu para o STF arquivar as denúncias contra Aécio, por considerar que as informações reunidas sobre o presidente do PSDB não eram suficientes para que ele fosse investigado.

Com as novas provas recolhidas pela Lava Jato, porém, o procurador pediu para que o caso fosse desarquivado. 

Em sua delação, Delcídio disse ter ouvido do próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Aécio o teria procurado pedindo que Dimas Toledo, apontado como o responsável pelo esquema de corrupção em Furnas, continuasse no cargo.

O senador também havia citado que haveria uma fundação no paraíso fiscal de Liechtenstein da qual Aécio Neves seria o beneficiário. O procurador-geral aponta ainda que, durante a Operação Norbert, no Rio de Janeiro, documentos apreendidos revelaram que a mãe de Aécio Neves, Inês Maria Neves Faria, seria a titular da Fundação Bogart and Taylor. "Referidas informações constituem um conjunto harmônico e apontam para a verossimilhança dos fatos descritos", aponta Janot no pedido ao Supremo. 

Em nota, o senador Aécio Neves disse ter "convicção de que as investigações deixarão clara a falsidade das citações feitas" e as referências feitas por Delcídio a ele "foram todas por ouvir dizer".

A reportagem não conseguiu contato com Dimas Toledo.

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