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Humberto Costa: PT passará para a oposição, mas "sem incendiar o país"

O líder do governo no Senado fez um duro discurso contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff

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Publicado em 12/05/2016 às 6:49
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Líder do governo no Senado, o senador Humberto Costa (PT-PE) fez um duro discurso contra o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Costa reafirmou que uma vez confirmado o afastamento da presidente Dilma Rousseff, o PT passará imediatamente para oposição, mas “sem incendiar o país”.

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“Estaremos nas ruas a partir de amanhã para denunciar as ilusões que estão sendo vendidas e para dar publicidade a todos os processos que virão. Uma oposição qualificada e consistente, sem gestos incendiários, mas também sem complacência”, disse o senador pernambucano.

O líder do governo foi o último integrante do governo a se posicionar na tribuna. “Se hoje o Senado depuser a presidenta, ato continuo nós do PT passaremos a ser o maior partido de oposição do Brasil. Mas não o maior partido de oposição ao Brasil, como tem sido a prática do PSDB, a prática do DEM”, acrescentou Costa, que começou seu discurso por volta das 4h30 da manhã.

Costa chamou o processo de impeachment de Dilma de “kafkiano” (expressão relativa ao poeta tcheco Franz Kafka, atrelada à ideia de surreal, de absurdo), afirmando que Dilma está sendo julgada sem que qualquer crime de corrupção seja a ela imputado. “Dilma é uma mulher honesta. Ela não é criminosa. Essas frases não são minhas, mas do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, presidente de honra do PSDB”, argumentou. “No entanto, essa mulher que é honesta está prestes a ser afastada do cargo”.

O petista chamou o processo de impeachment de farsa e disse que ele contou com o apoio de setores do Judiciário e dos meios de comunicação. Segundo Costa, o afastamento de Dilma causará “instabilidade” ao país. “Estamos abrindo um gravíssimo precedente, subvertendo a Constituição por meio de uma quartelada civil para que os derrotados de 2014 tomem um atalho para chegar ao poder”, afirmou.

O senador acusou o vice-presidente Michel Temer de articular o impeachment de Dilma e disse que seu governo será ilegítimo. “Estão substituindo os votos de todos os brasileiros por um acerto de gabinete operado no Jaburu [residência oficial do vice-presidente], a sede do golpe”.

Segundo ele, uma vez na presidência, Temer vai acabar com as políticas sociais implementadas pelo governo desde 2002. “Não é apenas Dilma que este Senado derrubará nesta madrugada, mas políticas sociais iniciadas no mandato do ex-presidente Lula”, disse Costa. “Políticas que fizeram mais de 42 milhões de cidadãos ascenderem à classe média, num processo dos mais expressivos da história”, acrescentou.

Ao final do seu discurso, Humberto Costa mostrou uma foto de Dilma, do período em que ela foi presa na ditadura militar. “Vemos essa mulher, que não havia cometido qualquer crime, ser submetida à arbitrariedade de um tribunal. Apesar da tortura que sofreu, a sua cabeça permaneceu erguida, seu semblante é de serenidade porque traz a consciência limpa”, disse. Para ele, "mais uma vez, Dilma Rousseff está sendo vítima de um julgamento injusto".

Geraldo Magela/Fotos Públicas
Lista dos senadores que falarão na sessão da aceitabilidade do processo de impeachment - Geraldo Magela/Fotos Públicas
Senadores votam aceitabilidade do processo de impeachment da presidente Dilma -
Renan Calheiros é presidente do Senado -
Senador Aécio Neves (PSDB) é a favor do impeachment da presidente Dilma -
Senadora Gleisi Hoffmann pediu a anulação do processo, mas não foi atendida -
Renan Calheiros (PMDB-AL) e Raimundo Lira (PMDB-PB) observam discurso de Lúcia Vânia (PSB-GO) -
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Senadora Regina Sousa (PT-PI) durante a sessão do impeachment - Jane de Araújo/Fotos Públicas
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Senadores Eunício Oliveira (PMDB-CE); Alves (PR-TO);Renan Calheiros (PMDB-AL) e Raimundo Lira (PMDB - Jefferson Rudy/Fotos Públicas
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Bancada: senador Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE); senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) - Jefferson Rudy/Fotos Públicas
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Eunício Oliveira (PMDB-CE), Vicentinho Alves (PR-TO), Renan Calheiros (PMDB-AL) e Raimundo Lira (PMD - Jefferson Rudy/Fotos Públicas
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Pronunciamento do senador Paulo Paim (PT-RS) - Pedro França/Fotos Públicas
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Senador José Agripino (DEM-RN) e senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) - Pedro França/Fotos Públicas

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